Abaixo alguns trechos da reportagem de Leslie Leitão, de Veja, que explicam como as coisas funcionam em muitas administrações petistas. Não é novidade que, em diversos estados, prefeituras municipais administradas pelo PT desconfiem de pessoas da cidade e levem militantes de outros lugares para exercerem funções de secretariado e direção de empresas públicas.
Militantes cumprem ordens e executam tarefas, não discutem. Acima de tudo, os interesses do partido.
Supostamente é para moralizar o serviço publico, mas isso permite manejar contratos de milhões com gente de confiança partidária e produzir, talvez, aquilo que se produz em Maricá e em dezenas de outros municípios brasileiros:
Maricá, cidade fluminense de quase 130 mil habitantes, a 60 km do Rio, tem o que poderia ser uma grande sorte: é um dos municípios beneficiados pelos royalties do petróleo, o que lhe rendeu R$ 35 milhões só nos primeiros três meses deste ano. Mas também tem uma grande urucubaca! É administrado pelo PT — o prefeito, Washington Siqueira, atende pelo apelido de Quaquá — e entrou na rede de interesses de José Dirceu...
Trechos
...Enquanto Quaquá e sua administração se enrolam nas contas públicas, Maricá, a suposta beneficiária dos milhões em royalties, continua a ter serviços públicos abaixo da crítica: 80% das casas sem água encanada, o terceiro pior município do estado na área da saúde, transporte público precário. É comum que moradores caminhem 6 quilômetros até um posto médico e não sejam atendidos...
... Na cidade, todo mundo sabe: são os apadrinhados de Dirceu, muito mais do que o próprio Quaquá, que realmente dão as cartas. Várias pessoas relatam ter ouvido de Sereno, por mais de uma vez: “Quem manda lá é a gente”. Boa parte dos contratos sob investigação da Justiça leva a assinatura da secretária Maria Helena. Um deles trata dos gastos com locação de veículos - o processo em curso aponta problemas em contratos que somam 18 milhões de reais. Um terço dessa quantia destinou-se à Lumar Locadora de Transportes Ltda., que tem sede no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, a 100 quilômetros de Maricá. No endereço visitado por VEJA, funciona uma pequena loja de material de construção. Quem responde pela Lumar é Rosana Francisco de Moura Correia, que por breve período foi gerente da Subsecretaria Executiva de Projetos Especiais de Maricá...
MARIA HELENA, A MULHER DACANETA DE OURO |
... Ao montar sua máquina administrativa, Quaquá convocou duas pessoas de fora. Uma é Marcelo Sereno, ex-assessor dele mesmo, José Dirceu, nos tempos em que era ministro da Casa Civil. Em 2010, Sereno assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo de Maricá no lugar de Aleksander Santos, político local que, por sinal, enquanto esteve no cargo, também se aproximou de Dirceu, passando a usar essa relação como cartão de visita nos contatos que fazia. Gostava até de expor em redes sociais fotos desse convívio.
Sereno se afastou em abril, para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio, mas seus tentáculos na política maricaense continuam firmes. Outro laço do chefão petista no município é com Maria Helena Alves Oliveira, a secretária executiva e de Administração, que tem no currículo cargos semelhantes, sempre por indicação de Dirceu, nas prefeituras de Nova Iguaçu e Manaus...
...Com pouco menos de 130.000 habitantes, o município de Maricá, a 60 quilômetros do Rio de Janeiro, faz parte de um punhado de localidades fluminenses que enriqueceram de repente por um capricho da natureza: está na rota do pré-sal. Por obra e graça da exploração de petróleo, o orçamento municipal de 200 milhões de reais teve, só nos primeiros três meses deste ano, um acréscimo de 35 milhões relativos a sua fatia dos 100.000 barris extraídos do campo de Tupi, rebatizado de Lula. É uma pequena fração de uma bolada que, nos cálculos mais otimistas, pode beneficiar os cofres maricaenses em até 1 bilhão de reais nos próximos anos. Como prova do reposicionamento de Maricá na ordem de interesses, um dos principais caciques do PT, José Dirceu, visitou a cidade pelo menos duas vezes desde a posse do prefeito petista Washington Siqueira, o Quaquá, em 2009.
Em franca preparação para a reeleição, Quaquá vem espalhando pelo município cartazes de obras milionárias. Os milhões têm saído dos cofres da prefeitura, não há dúvida, mas a cidade pouco tem se beneficiado deles. Nesses três anos e meio, Quaquá e sua turma passaram a ser alvo de 21 processos e cinquenta inquéritos. No rol de abusos, o beabá da cartilha da corrupção: improbidade administrativa, danos ao Erário, prevaricação, peculato, abuso de poder econômico, superfaturamento, contratação de empresas-fantasma - maracutaias que podem ter feito evaporar do caixa oficial cerca de 150 milhões de reais...
LEIA A MATÉRIA COMPLETA DE VEJA EM:
Informações de Veja e Blog Reinaldo Azevedo
A Prefeitura de Maricá responde a reportagem de revista publicada na última edição de Veja, “Onde foi Parar o Dinheiro?”.
ResponderExcluirVeja link com o esclarecimento oficial:
http://www.marica.rj.gov.br/?s=noticia&n=1889