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domingo, 28 de novembro de 2010

SEMPRE A VELHA E PERIGOSA PRESSA

As tropas da Lei começaram a invadir o Complexo do Alemão pelas 8 horas da manhã de hoje, após muitas reuniões, cálculos e preparativos. Informações iniciais indicavam que cerca de 400 ou 500 bandidos encontravam-se escondidos no conjunto de favelas, fortemente armados.

Quanto a isso não há dúvidas, pois os meios de comunicação têm mostrado, sempre, bandidos exibindo fuzis e, até, metralhadoras. Passadas três horas a polícia conseguiu fincar a Bandeira do Brasil no topo do Morro, tomando conta do território.

Teve gente, especializada, que chegou a comparar com a tomada de Monte Castelo, na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial. O Brasil é mesmo um país ufanista. As forças policiais fizeram cerca de 20 prisões, apreenderam 16 fuzis, uma metralhadora, uma submetralhadora com mira a laser, algumas granadas, muita munição, coletes a prova de balas e perto de dez toneladas de droga, a maior parte maconha. Além de muito dinheiro.

Um dos troféus da invasão foi a recaptura do bandido Zeu, o matador do jornalista Tim Lopes, em 2002, usando o método do microondas, isto é, queimando o corpo (vivo) com gasolina, em uma pilha de pneus. O sujeito foi condenado a 23 anos e seis meses, cumpriu cinco anos e 25 dias e obteve o benefício(!!!!!!) do regime semi-aberto. Fugiu, é claro.

O comando da Polícia Militar temia encontar forte resistência, uma vez que as favelas somam 200 mil habitantes e existem umas 30 mil moradias. Um verdadeiro labirinto que costuma ser muito perigoso para quem tenta invadir, pois vai de baixo para cima. Os soldados poderiam virar alvos fáceis.

Bem, assim que fincaram a bandeira, os famosos especialistas e jornalistas já começaram a falar em comunidade pacificada, território reconquistado, etc.
Para onde foram os 400 bandidos?
Onde estão as armas que usavam?
E toda a munição necessária?
É claro que os bandidos podem ter fugido, apesar do cerco, o que parece o mais difícil, ou podem estar escondidos em algumas das milhares de casas.

Farão moradores reféns? Estarão escondidos por conhecidos? 
Não devemos nos esquecer que a população, apesar de sar sinais de alívio, têm profundas ligações com os bandidos, pois suas famílias moram por ali. Todos se conhecem. A rede de solidariedade é grande, assim como o medo da morte. Tanto por parte dos bandidos, como dos moradores que ficam entre a espada e o fogo. A cultura das chamadas comunidades tem uma imensa carga de ambiguidade, está na zona do limbo, entre o bem e o mal.

Os bandidos podem ter preparado armadilhas para as tropas, e enterrado armas e drogas.
É muito, mas muito cedo mesmo, para se falar em pacificação.
Por ora, o território foi apenas tomado, o que não deixa de ser interessante.
Mas, se não aparecerem os bandidos, presos, ou mortos, e as armas, tudo não terá passado de uma grande brincadeira.

O pior é que colocando em risco a vida de milhares de pessoas.
E, pior ainda, desmoralizando o imenso esforço feito pelas tropas envolvidas nessa verdadeira guerra do Rio de Janeiro. 

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