"De qualquer forma, a partir de Cícero, o conceito de “humanidade” compreende em si a dúplice idéia de “humano” e de “humanístico”, uma certa especial desenvoltura e agilidade no modo de fazer e a maneira cordial e cortês de tratar o próximo, são acompanhadas pelo estudo dos autores clássicos com os quais se aprende a “falar”. A concepção do homem como um ser que “sabe falar”, essa concepção isocrático-ciceroniana da humanidade, estava predestinada a difundir-se entre os romanos, cuja cultura se havia formado sobre as altas formas da eloqüência grega; e não só os refinados oradores do tempo de Cícero se haviam formado sobre os oradores gregos, mas já antes o haviam feito os poetas sobre a épica e sobretudo a tragédia...”
Extraído do capítulo 14 (A descoberta da “Humanidade” e nossa posição ante os gregos), do livro de Bruno Snell, A Cultura grega e as origens do Pensamento Europeu (Die Entdeckung des Geistes, 1955).
O que pensar diante da Humanidade de hoje que se nos apresenta como rebanhos bárbaros?
O que dizer sobre a Humanidade que petrifica o espírito, por excesso de desumanização, pelas normas que buscam - contradição ! - justamente a humanização do homem?
Quanto mais se fala em direito, em cidadania e no outro, menos sabemos falar.
O pior, descemos na escala, recuando de homens a animais, e, mais ainda, a coisas que podem ser trocadas por outras coisas, indefinidamente.
A excessiva regulação normativa nos esvazia o espírito, conquistado tão duramente.
Um conjunto de normas frias jamais substituirá a Educação e a Cultura.
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