Frase do advogado Mário de Passos Simas, que defendeu presos políticos (no tempo da ditadura militar): “Ninguém pode dizer que trabalhou na Oban e não participou de tortura”. (extraído do Jornal A Tribuna de Santos, edição de 8 de novembro de 2010)
Valeria, no sentido inverso, propor: “ninguém pode dizer que fez parte dos grupos armados (que praticaram o terror) e que não teve responsabilidade pelas conseqüências dos atentados” ?
Enquanto questões dessa natureza não forem examinadas e respondidas com traquilidade, com a intenção de saber a verdade e com o espírito desarmado, como entender o passado?
Qualquer outra alternativa é mistificação e um desserviço aos jovens e ao futuro do Pais.
Centenas de pessoas passaram pela prisões, e muitos foram torturados, mortos e despareceram. E isso não deveria fazer parte do jogo político. Isso deverá, sempre, ser considerado abominável.
Muitos advogados lutaram, valentemente, pelos seus clientes, mesmo com o risco de prisão e perseguições. Centenas de cidadãos comuns foram solidários com perseguidos políticos, assim como membros do clero, dando-lhes abrigo.
Mas, a bem da verdade, os que se envolveram na luta armada contra o regime não o faziam, apenas por espírito democrático.
Lutavam por um outro mundo possível, como diziam os revolucionários de esquerda, e muitos o dizem até hoje.
E quando faziam seus atentados a bomba, quando matavam militares, policiais ou civis inocentes, quando assaltavam e seqüestravam pessoas isso ia muito além de combater a ditadura militar, pois seus alvos nunca foram apenas alvos militares. Por que tanto silêncio sobre isso?
Sabem disso centenas de famílias brasileiras, além daquelas a que pertenceram ou pertencem os torturados e mortos pelos representantes do regime militar.
E sabem disso, também, todos os milhares que lutaram pela democracia sem haver sujado as mãos com o sangue de seus irmãos brasileiros.
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