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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O LOBO DISFARÇADO DE CORDEIRO QUE GOVERNA HONDURAS. Ou: Lobo quer jantar a democracia hondurenha?

Manuel Zelaya e Porfirio Lobo
(http://www.rfi.fr/(reuters)
 A Agência EFE informa que o presidente de Honduras, Porfirio Lobo, defendeu na semana passada reforma constitucional que pode permitir a reeleição presidencial. (Esse foi o motivo da queda de Manuel Zelaya, que insistia em fazer uma consulta popular proibida pela Constituição).
Lobo assegurou, entretanto, não ter intenção de ficar no poder, que, segundo ele, era o que o deposto Manuel Zelaya queria. "O amigo que estava antes na Presidência (Zelaya) queria ficar", mas "eu reitero meu compromisso com o povo hondurenho, que o meu mandato é de 27 de janeiro de 2010 a 27 de janeiro de 2014", declarou Lobo aos jornalistas após um ato na Polícia Nacional,segundo a EFE. "Quem falou de reeleição? Ninguém falou disso" neste governo, ressaltou. 
Zelaya foi deposto em 28 de junho de 2009, dia em que seria realizada uma "consulta popular" (declarada ilegal por diferentes órgãos do Estado) para convocar uma Assembleia Constituinte que, segundo seus opositores, o manteria no poder. (De fato, Manuel Zelaya contava com apoio de Hugo Chávez que havia mandado as urnas para a consulta da Venezuela, numa flagrante interferência em Honduras).
Lobo disse estar "muito contente" com a emenda constitucional aprovada na terça-feira pelo Congresso Nacional, de 128 membros e controlado pelo governante Partido Nacional. Entre outras mudanças, por 103 votos a favor e 25 contra, o Parlamento suprimiu do artigo 5 da Constituição a proibição de convocar essas consultas. A decisão "não é nossa, é o povo que vai decidir", afirmou Lobo, quem ressaltou que "ninguém pode estar contra o povo". O governante considerou que a abertura que permitirá a emenda constitucional contribuirá para a reconciliação entre os hondurenhos após a crise gerada pela derrubada de Zelaya.
Ele ressaltou que "em 2009 houve uma crise e o povo hondurenho foi para as eleições e votou por um candidato (Lobo) que desfraldou uma bandeira que é a paz e a reconciliação". No entanto, "alguns ainda querem permanecer na crise, e não se dão conta de que é outro governo, que o povo elegeu", declarou. (Mas Lobo não disse e ninguém perguntou sobre os artigos da Constituição que declaram inelegível para sempre os que tentaram alterar a Constituição).
Ele se mostrou a favor de introduzir na legislação hondurenha mecanismos como o plebiscito revogatório do mandato presidencial, rejeitado na noite de quarta-feira no debate da reforma, mas considerou que "é preciso ir devagar". A emenda deve ser ratificada na próxima legislatura, que se instalará em 25 de janeiro. Na prática, a reeleição presidencial só seria possível a partir das eleições de 2017, pois, segundo o texto aprovado, se uma consulta para aprová-la for convocada, deverá ser realizada simultaneamente com o pleito geral de 2013.
(A EFE, TEGUCIGALPA)

A oposição hondurenha denuncia que Lobo e seus aliados manobram para conseguir o que Zelaya não conseguiu, criar condições para alterar a Constituição e ir, lentamente, solapando a Democracia, a mesma receita desenvolvida por Hugo Chávez, Morales, Ortega e outros, todos defensores de Zelaya. Só não se sabe, ainda, se Lobo vai passar a perna em Zelaya, ou o contrário. Talvez isso venha a ser resolvido por Hugo Chávez.

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