Para muitos comentaristas da chamada mídia, o que está acontecendo no norte da África é um movimento de massas pela derrubada de ditaduras. Nisso estariam participando, estruturalmente, as modernas tecnologias de comunicação (TV e Internet).
A leitura de autores clássicos de História e estudos tradicionais pode indicar, entretanto, que a derrubada de ditaduras com o mote de "queremos democracia" pode estar escondendo um real avanço de grupos islâmicos radicais que não toleram o estilo de vida moderno e ocidental, exageradamente materialista para eles.
A atração e repulsa Ocidente-Oriente é antiga. Se alguém se interessar pode estudar as aproximações e afastamentos do Japão e da China com o Ocidente. Também há problemas com a ocidentalização da Índia e dos países árabes-islâmicos, e islâmicos, em geral, como o Irã, Iraque e outros. Sobre as relações confusas entre Ocidente e Oriente há a excelente literatura de René Guenón.
O autor, verdadeiro sábio, conhecedor de civilizações tradicionais, indica, em obra de 1924, que o Ocidente, por falta de princípios, e por transformar o tempo em um eterno agora, ficaria sem rumo, sujeitando-se aos avanços dos povos orientais.
O historiador inglês Arnold Toynbee também destacou em, Estudos de História Contemporânea, diversas incompatibilidades entre o estilo de vida ocidental moderno e o islâmico, especialmente, pois este é um modo de ver o mundo que se expande. Basta observar o crescimento do islamismo na Europa nos últimos 25 anos, num ritmo assustador para quem mora na Suécia, Holanda, Espanha, ou França, por exemplo. Outro autor, embora por outro ângulo, é Samuel Huntington, em Clash of Civilizations.
Essa dificuldade de convivência ou assimilação pode ser estudada na Turquia, país que foi ocidentalizado por decreto na década de 20. Até hoje a Turquia vive na angústia de não saber o que é: Ocidente ou Oriente?
De qualquer modo, a ocidentalização de um país como a Turquia, ou qualquer outro de civilização diferente que a ocidental, criará problemas. A absorção de técnicas, tecnologia, ciência trará, também, inevitavelmente, produtos de cultura de massa, filmes, seriados de TV, etc, gerando fortes tensões com
as visões e valores tradicionais.
As novas gerações nos países árabes-islâmicos e islâmicos, ou na Índia e na China, talvez estejam mais próximas do Ocidente pelo contato que têm via tecnologias de comunicação. Isso certamente poderá estimular rebeliões (efeito Al Jazeera), tanto que a China está bloqueando acessos a informações sobre o Egito.
Mas, nas sombras, podem estar agindo forças realmente ocultas, como a Irmandade Muçulmana que, não tendo forças para enfrentar diretamente as ditaduras atuais, estimula os jovens a criarem o caos e a forçarem o recuo dos ditadores. Os jovens serviriam de buchas de canhão.
O bote para a tomada do Poder pelas forças religiosas virá mais tarde, quando o dia-a-dia do Egito ou de outros países virar um verdadeiro inferno devido à violência e o caos.
Primeiro cortar a cabeça, depois tomar o corpo.
Meu caro Gutenberg: viu esse texto do Estadão fazendo uma análise Lula x FHC? http://www.jonatas.com.br/2011/01/lula-x-fhc.html
ResponderExcluirAb's!
Caro Jonatas.
ResponderExcluirO seu texto é muito mais realista do que o do Mellão. O Mellão analisou a sequência, o que é certo, mas deixou escapar as diferenças partidárias quanto à vontade de tomada de poder. O PSDB não é um partido com esse perfil, o PT, sim. Uma das melhores coisas que Lula fez foi contrariar as orientações econômicas do PT para seguir o plano FHC. Logo no início do Real tanto Lula quanto Mercadante ficaram contra, radicalmente.
Abs.
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