O blog do Noblat publicou um texto muito estranho hoje, de um tal José Luiz, com uma argumentação mais estranha ainda.
O sujeito sustenta que "a grana que sustenta o tráfico não vem da maconha. A grana vem das drogas". Então, para ele, a maconha não é droga, é apenas uma diversão? Drogas podem, talvez, ser divertidas. Mas matam e alimentam uma gigantesca cadeia criminosa, além de destruir famíias e matar jovens.
Deve ser um sujeito de uns 55 ou 60 anos, pelas referências que utiliza para desqualificar o uso da maconha e desvinculá-la das drogas. Deve ser um hiponga das antigas, como diria o Telmo Martino (do JT) "um poncho e conga" que veio de Woodstock a pé.
"A grana do tráfico não vem da maconha há muito, mas há muito tempo. A última geração que fuma maconha é a minha. Daí pra frente a maconha saiu de moda.
As gerações seguintes pegaram pesado na heroína - sexo, drogas e rock and roll. Jimmy Hendrix morreu afogado no próprio vômito por overdose de heroína. Janis Joplin morreu de overdose de heroína. Mas também para fazer o que ela fazia com a voz só tomando nos canos mesmo.
Depois veio a cocaína injetada também nos canos (nas veias) - o LSD, e coisas do gênero, eram para os doidões profissionais, aqueles que tomavam ácido para experiências, digamos, caleidoscópicas. O haxixe era a maconha dos riquinhos. O óleo de haxixe, que é a forma mais potente da droga, era um luxo.
Depois, com a AIDS a moda passou a ser cheirar cocaína (nada de chamar cocaína de coca, por favor, é um sacrilégio com o liquido mais precioso já inventado pelo homem). E agora estamos no crack que nada mais é que a borra que sobra no refino da cocaína."
O sujeito deve circular em ambientes muito restritos, não lê jornais, não acompanha o noticiário e só usa computador para escrever pro Noblat.
Todas as semanas, nas mais diversas regiões do País a Polícia Federal, as polícias rodoviárias, as polícias civil e militar apreendem toneladas de maconha produzida no Nordeste e no Paraguai. As cargas, que há alguns anos eram de 20 ou 30 quilos agora são de 500 ou uma e duas toneladas.
O sujeito acha que a distribuição é gratuita?
Além disso toneladas de cocaína, haxixe e crack também são apreendidas, em quantidades cada vez maiores.
Em qualquer porta de colégio, público ou privado, há alguém vendendo ou usando maconha.
É uma das drogas mais comuns entre a garotada, exatamente porque há quem a defenda e diga que tudo bem, é bacaninha e tal e não é droga.
Mentira. É droga, produz danos e dá uma enorme grana para produtores e traficantes. Talvez o autor do texto não seja do Rio, pois teria visto a montanha de maconha apreendida pelas tropas. Se não dá grana, o que fazia aquele estoque ali naquele lugar? Acho é que o autor não gostou do filme Tropa de Elite, o primeiro, o bom.
"Alguém conhece alguma maconhalândia, algum maconhódromo, ou coisa que o valha? Não. Não conhece - maconha, como já disse, é coisa da minha geração, ou seja, coisa de velho. Os que eu conheço que fumam maconha estão prá lá dos 50 e fumam em casa, na janela, depois do jantar, para relaxar - tem gente que toma vinho do porto, outros fumam sua maconha.
Agora, cracolândia todo mundo conhece, né? Tem uma em cada bairro, pelo menos no Rio de Janeiro, em São Paulo e nas grandes cidades do mundo.
Vamos combinar o seguinte. A grana que sustenta o tráfico não vem da maconha. A grana vem das drogas."
Ninguém conhece um lugar específico, uma maconhalândia, porque a droga está em toda parte. O crack é que ainda está localizado, mas o autor que não se preocupe, logo estará em todos os lugares, em bem mais que alguns pontos, cracolândias, de umas quatro mil cidades brasileiras.
Acorda, José
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