SIMULAÇÃO, DISSIMULAÇÃO. VALENTINA, A BONECA DE SILICONE. BONECA QUE PARECE GENTE E GENTE QUE PARECE DE PLÁSTICO. FOTO FERNANDO BORGES (TERRA) |
O autor do texto abaixo, Dartagnan Zanela, foi ao centro de uma questão da maior importância, que podemos verificar a qualquer momento, bastando pesquisar nos sites noticiosos, nos jornais, nas revistas, nos programas de Televisão. Ou olhar para as pessoas que passam por nós.
Trata-se do processo da busca da felicidade a qualquer custo por meio da alteração da imagem corporal, da imagem visual, da valorização da imagem, da procura da eterna juventude, da imensa luta para parecer sempre mais jovem e feliz.
Não se trata de um discurso contra a medicina corretiva e a ciência, contra a busca por saúde e de boas condições físicas, ninguém quer ficar e nem parecer doente, é óbvio, mas um alerta contra a valorização da mentira sobre a verdade, do falso sobre o verdadeiro, do real contra a imitação.
As interferências feitas no corpo, de modo abusivo e irresponsável, até, têm levado milhares de pessoas a graves complicações de saúde e à morte.
O abuso de injeções de silicone, óleos e outros materiais no corpo, para alterar a aparência, ultrapassou a medida do bom senso.
Mulheres de corpo bonito querem ficar ainda mais bonitas, falsificando o corpo; rapazes preguiçosos em busca de resultados rápidos, ao invés de ao menos terem disciplina para fazer exercícios, querem atalhar por meio de anabolizantes e injeções de óleo, para parecerem atléticos e fortes.
É um mundo de ilusões. Escondem o verdadeiro corpo e mostram uma superficialidade grotesca. Isso equivale, mais ou menos, à necessidade de mostrar como são felizes nas suas páginas do Facebook.
O Facebook é o mundo no qual todos são felizes, com aqueles sorrisos padronizados e cheios de dentes.
Não à toa milhares de pessoas procuram agora psicólogos para tratarem de depressão. Ficam deprimidas porque não suportam bisbilhotar a "felicidade" alheia. Pura inveja.
Enfim, vivemos num mundo em que o bom e velho corpo já não basta como ele realmente é; é necessário fingir ser outro para ser feliz.
Como é possível viver em meio a tamanha ilusão e infelicidade?
Gutenberg J.
A admirável fazenda animal
Dartagnan da Silva Zanela
18 Dezembro 2013
Existem quatro bens fundamentais. Quatro esferas de
realização humana. Cada um desses bens representa o centro, o coração pulsante
duma vida, servindo de pedra angular da personalidade.
Estes bens seriam, em ordem crescente, a saciedade e a integridade física, o prazer, a liberdade e o conhecimento da Verdade. São bens fundamentais, não porque o escrevinhador destas linhas assim o quer. O são porque todo ser humano se pudesse tê-los numa porção imensurável não faria nenhuma objeção. Saúde plena e corpo sarado, gozo indescritível, liberdade sem tramelas e compreensão fácil e rápida de todo e qualquer assunto são bens que, todo ser humano, em sã consciência, considera desejáveis.
Entretanto, não podemos ter todos esses bens ao mesmo tempo e o tempo todo por razões óbvias. Aliás, tendemos a centrar nosso coração num destes bens tornando-o, inevitavelmente, o centro ordenador de nossa pessoa. Por isso, em nome dum bem, sacrificamos os outros.
Ao realizarmos essa escolha limitamos, queiramos ou não, o campo de nossa ação. E isso ocorre porque o objeto de nosso desejo torna-se o limite da realização de nossa humanidade. E é aí que a porca torce o rabo.
Quanto mais ascendemos nesta escala, mais amplo é o nosso círculo de possibilidades. Quanto mais restringimos nossa existência a primeira e a segunda esfera, mais nos tornamos fragilizados.
Resumindo: um indivíduo que tem como centro de sua personalidade o terceiro e quarto bem, não é objeto passivo das forças externas que o circundam. Já um indivíduo que tem como pedra angular de sua vida o primeiro e o segundo, inevitavelmente, torna-se um sujeito de fácil manipulação e controle.
A razão disso é muito simples. Uma pessoa que faz de sua integridade física o centro pulsante de sua personalidade é uma criatura que vive, em maior ou menor medida, assustada com a possibilidade de perder o seu tesouro, dispondo-se, tranquilamente, a sacrificar o seu prazer, liberdade e o conhecimento da verdade para preservá-lo.
Exemplo: as loucuras que certas pessoas fazem para manter seu corpinho, as sandices que realizam para ter uma imagem jovial prolongada. Tudo, tudinho, em nome do primeiro bem. Quanto à segunda esfera, deixemos para outra ocasião.
Por fim, não há dúvidas que uma vida imersa numa esfera como essa possui uma compreensão ínfima da realidade, por isso, de fácil manipulação. Não é por acaso que a sociedade contemporânea cultua tanto esse bem. Não é por menos que temos tantas publicações e programas televisivos que exaltam o bem-estar físico e a boniteza superficial.
Não é à toa que a sociedade brasileira está cada vez mais assemelhada a uma mistura híbrida, e patética, das ovelhinhas da fazenda animal da fábula de George Orwell com os pacatos cidadãos da distopia de Aldous Huxley.
Estes bens seriam, em ordem crescente, a saciedade e a integridade física, o prazer, a liberdade e o conhecimento da Verdade. São bens fundamentais, não porque o escrevinhador destas linhas assim o quer. O são porque todo ser humano se pudesse tê-los numa porção imensurável não faria nenhuma objeção. Saúde plena e corpo sarado, gozo indescritível, liberdade sem tramelas e compreensão fácil e rápida de todo e qualquer assunto são bens que, todo ser humano, em sã consciência, considera desejáveis.
Entretanto, não podemos ter todos esses bens ao mesmo tempo e o tempo todo por razões óbvias. Aliás, tendemos a centrar nosso coração num destes bens tornando-o, inevitavelmente, o centro ordenador de nossa pessoa. Por isso, em nome dum bem, sacrificamos os outros.
Ao realizarmos essa escolha limitamos, queiramos ou não, o campo de nossa ação. E isso ocorre porque o objeto de nosso desejo torna-se o limite da realização de nossa humanidade. E é aí que a porca torce o rabo.
Quanto mais ascendemos nesta escala, mais amplo é o nosso círculo de possibilidades. Quanto mais restringimos nossa existência a primeira e a segunda esfera, mais nos tornamos fragilizados.
Resumindo: um indivíduo que tem como centro de sua personalidade o terceiro e quarto bem, não é objeto passivo das forças externas que o circundam. Já um indivíduo que tem como pedra angular de sua vida o primeiro e o segundo, inevitavelmente, torna-se um sujeito de fácil manipulação e controle.
A razão disso é muito simples. Uma pessoa que faz de sua integridade física o centro pulsante de sua personalidade é uma criatura que vive, em maior ou menor medida, assustada com a possibilidade de perder o seu tesouro, dispondo-se, tranquilamente, a sacrificar o seu prazer, liberdade e o conhecimento da verdade para preservá-lo.
Exemplo: as loucuras que certas pessoas fazem para manter seu corpinho, as sandices que realizam para ter uma imagem jovial prolongada. Tudo, tudinho, em nome do primeiro bem. Quanto à segunda esfera, deixemos para outra ocasião.
Por fim, não há dúvidas que uma vida imersa numa esfera como essa possui uma compreensão ínfima da realidade, por isso, de fácil manipulação. Não é por acaso que a sociedade contemporânea cultua tanto esse bem. Não é por menos que temos tantas publicações e programas televisivos que exaltam o bem-estar físico e a boniteza superficial.
Não é à toa que a sociedade brasileira está cada vez mais assemelhada a uma mistura híbrida, e patética, das ovelhinhas da fazenda animal da fábula de George Orwell com os pacatos cidadãos da distopia de Aldous Huxley.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
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