PEDAGOGIA DO CRIME
Percival Puggina
05 Maio 2013
Ela já nos mostrou que não adianta reclamar: continuaremos
sem policiais, sem presídios, sem uma legislação penal que sirva à sociedade e
não ao bandido.
A primeira e principal lição foi sendo ministrada aos
poucos. Era difícil, mas não impossível. Tratava-se de fazer com que a
sociedade ingerisse enrolada, como rocambole, a ideia de que a criminalidade
deriva das injustiças do modelo social e econômico. Aceita essa tese, era
imperioso importar alguns de seus desdobramentos para o campo do Direito.
Claro. Seria perverso tratar com rigor ditas vítimas da exclusão social. Aliás,
a palavra "exclusão" e seu derivado "excluído",
substituindo "pobre" e "pobreza", foram vitais para
aceitação da tese e sua absorção pelo Direito Penal.
Espero ter ficado claro aos leitores que a situação exposta
acima representa uma versão rasteira da velha luta de classes marxista. Uma
luta de classes por outros meios, travada fora da lei, mas, paradoxalmente, sob
sua especial proteção. Por isso, a impunidade é a aposta de menor risco desses
beligerantes.
Por isso, no Brasil, o crime compensa. Por isso, também, só os
muito ingênuos acreditarão que um partido que pensa assim pretenda, seriamente,
combater a criminalidade. Afine os ouvidos e perceberá o escandaloso silêncio,
silêncio aliás de todos os poderes de Estado sobre esse tema que é o Número Um
entre nós. Ou não?
Portanto, olhando-se o tecido social, chega-se à conclusão de
que o grande excluído é o brasileiro honesto, quer seja pobre ou não. O outro,
o que enveredou para as muitas ramificações do mundo do crime, leva vida de
facilidades sabendo que tem a parceria implícita dos que hegemonizam a política
nacional. Nada disso estaria acontecendo sem tal nexo.
Viveríamos uma realidade superior se o governo construísse
presídios, ampliasse os contingentes policiais e equipasse adequadamente os
agentes da lei, em vez de gastar a bolsos rotos com Copa disto e daquilo, trem
bala, mordomias, comitivas a Roma e por aí vai. Viveríamos uma realidade
superior se o Congresso produzisse um Código Penal e um Código de Processo
Penal não benevolentes, não orientados para o descumprimento da pena, mas
ordenados à sua rigorosa execução.
Viveríamos uma realidade superior se os poderes de Estado
incluíssem entre os princípios norteadores de suas ações a segurança da
sociedade e os direitos humanos das vítimas da bandidagem. Viveríamos uma
realidade superior se o Direito "achado nas ruas", que inspira
ideologicamente a atuação de tantos magistrados, fizesse essa coleta nas
esquinas, mas ouvindo os cidadãos, os trabalhadores, os pais de família, em vez
de sintonizar a voz dos becos onde a criminalidade entra em sintonia com a
ideologia.
O leitor sabe do que estou tratando aqui. Ele reconhece que,
como escrevi recentemente, já ocorreu a Tomada do Brasil pelos maus
brasileiros. Perdemos a guerra. O crime já venceu. Estamos na fase de
requisição dos despojos que devem ser entregues aos vencedores. Estamos
pagando, em vidas, sangue e haveres, a dívida dos conquistados. Saiba, leitor,
que a parcela da esquerda que nos governa há mais de duas décadas, mudando de
nome e de pêlo, mas afinada, em tons pouco variáveis pelo mesmo diapasão
ideológico, está convencida de que se trata disso mesmo. É a luta de classe por
outros meios e com outros soldados. Queixemo-nos ao bispo, se o bispo não
cantar na mesma toada.
É a pedagogia do crime. Ela já nos ensinou a não reagir. Ela
já nos disse que a posse de armas é privilégio do bandido. Ela já advertiu os
policiais sobre os riscos a que se expõem ao usar as suas. Ela já nos mostrou
que não adianta reclamar: continuaremos sem policiais, sem presídios, sem uma
legislação penal que sirva à sociedade e não ao bandido. Isso tudo já nos foi
evidenciado.
Trata-se, agora, de entender outras ordens do poder fora da lei.
Devemos saber, por exemplo, que esse poder se enfurece quando encontra suas
vítimas com tostões no bolso.
O suposto direito nosso de carregarmos na carteira o
dinheiro que bem entendermos confronta como o direito dos bandidos aos nossos
haveres. Por isso, cada vez mais, agridem, maltratam e executam, friamente,
quem deixa de cumprir seu dever de derrotado.
Tornamo-nos súditos, sim, não do
Estado brasileiro, mas daqueles que tomaram a Nação para si. Seja um bom
discípulo da pedagogia que a esquerda nos proporcionou. Não desatenda as
demandas dos bandidos. O leão da Receita é muito mais manso.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14101-pedagogia-do-crime.html
http://www.midiasemmascara.org/artigos/governo-do-pt/14101-pedagogia-do-crime.html
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