Imagine o leitor o inusitado de participar de um banquete para apenas cinco pessoas, todas canibais assumidos ou em fase de teste, que pagaram, em um leilão pelo Twitter, a soma de US$ 1.255 (cem mil ienes) para poderem degustar a genitália do artista Mao Sugiyama, preparada pelo próprio sujeito.
O tal jantar foi realizado em Tóquio, e não pode ser impedido pela policia japonesa porque não há lei naquele pais que criminalize o canibalismo.
A história macabra foi divulgada pelo site japonês sobre alimentos e saúde “Calorie Lab, que foi quem alertou as autoridades, que nada puderam fazer, e publicou uma reportagem no dia 13 de abril passado.
Sugiyama de 22 anos, se define como assexuado e submeteu-se a uma intervenção cirúrgica. Alguns dias depois resolveu fazer o leilão e cozinhar para os vencedores.
Dividiu a genitália (pênis, testículos e peles) em cinco lotes para o leilão. Segundo o site americano Huffington Post o sujeito preparou cada porção ao gosto do freguês com salsa e cogumelos.
ISSO É LIBERDADE?
O filósofo brasileiro Mário Vieira de Mello (que completaria cem anos de nascimento amanhã, 26 de maio) escreveu muito sobre o Humanismo, baseado no período clássico grego, especialmente com referência a Sócrates e Platão.
Para o filósofo, a idéia ocidental de liberdade decorrente da separação entre Cultura e Poder, isto é, uma liberdade autorizada pelo Poder, é algo racional, mas desprovido de lastro espiritual e do amálgama da Cultura. Pode tornar-se uma liberdade louca, sem rumo.
É uma liberdade exterior, que ilude o sujeito que acha que tudo pode, mas apenas estimulará ou justificará absolutas loucuras ou inconsequências. Creio que, independente do estado mental de Sugiyama, talvez um alucinado, como explicar a suposta liberdade dos malucos que compraram os lotes para degustação?
Isso, afinal, é que é a tal liberdade pela qual tantos lutam e morrem, ao longo da História?
Mário Vieira de Mello fala, em sua obra humanista, da verdadeira liberdade, a interior, com a qual o escravo deixa de ser escravo e o senhor, distante dela, não passa de escravo de sua paixões, instintos ou loucura, como Sugiyama.
Fazer o que o instinto ordena é fácil, ilusão de liberdade. O difícil é saber dizer não e ser absolutamente livre.
"Fazer o que o instinto ordena é fácil, ilusão de liberdade. O difícil é saber dizer não e ser absolutamente livre".
ResponderExcluirIsso foi lindo.
Sem mais.