Fogueira onde os vândalos queimam a democracia brasileira |
Manifestante é preso por tentar matar coronel da PM
Por Rafael Iglesias
A Polícia Civil, a PM e o MP vão unir todos os casos
relativos às manifestações em um único inquérito
Um suspeito de tentar matar um coronel da Polícia Militar e
agredir um soldado, além de outros sete homens que danificaram o terminal de
ônibus Parque Dom Pedro II utilizando coquetéis molotov foram presos em
flagrante durante uma manifestação, na noite de sexta-feira (25), no centro de
São Paulo. Três adolescentes também foram apreendidos.
Ao todo, 92 pessoas foram detidas para averiguação e conduzidas
a quatro delegacias da região, conforme informou o diretor do Departamento de
Polícia Judiciária da Capital (Decap), delegado Domingos Paulo Neto, durante
coletiva de imprensa concedida no auditório do Gabinete da Secretaria da
Segurança Pública (SSP), na tarde de sábado (26).
“A Polícia Civil, em parceria com a PM, vai reunir em uma
única investigação todos os casos que envolvem protestos em São Paulo”,
explicou. O chamado “inquérito-mãe” será conduzido pelo Departamento Estadual
de Investigações Criminais (Deic).
A integração dessas ocorrências faz parte de uma
força-tarefa anunciada em 8 de outubro pelo secretário Fernando Grella Vieira,
e tem o objetivo de conter a violência durante as passeatas. A medida é
desenvolvida em parceria com o Ministério Público Estadual.
Suspeito de ferir coronel é preso
Entre as dezenas de pessoas levadas aos distritos policiais
está o comerciário P.H.S.S., de 22 anos, reconhecido por policiais como o
agressor do coronel Reynaldo Simões Rossi.
Uma equipe da 1ª Companhia do 2º Batalhão de Policiamento de
Choque (BPChq) viu quando o suspeito deu pauladas, socos e chutes no oficial da
PM, que é comandante do Policiamento de Área Metropolitana 1 (CPA/M-1 – região
central).
Ontem, por volta das 21:30 horas, Rossi foi agredido
violentamente e teve uma clavícula quebrada, além de ferimentos no rosto e na
cabeça. “Ele tem um perfil conciliador e pretendia negociar com os
manifestantes, mas acabou sendo agredido”, afirmou o porta-voz da PM, major
Mauro Lopes. Eles também agrediram outro PM, que recebeu atendimento médico.
O coronel foi socorrido ao Hospital das Clínicas e liberado
às 4 horas deste sábado (26), após realizar exames e receber doses de morfina
para conter a dor. Ele passa bem. Durante o crime, o oficial teve seu
radiotransmissor e sua pistola calibre ponto 40 roubados. Apenas o rádio foi
recuperado até o final da tarde de sábado.
O indiciado estava acompanhado por um fotógrafo, de 22 anos,
que foi liberado, mas será investigado. “O problema desse rapaz liberado e de
todos os que foram levados à delegacia está começando, porque nós vamos
individualizar a atuação de cada um através da investigação”, afirmou Domingos
Paulo Neto. Com isso, o indiciamento será mais preciso e a Justiça deverá
responder mais rápida e precisamente.
No 1º DP (Sé), o comerciário foi indiciado por tentativa de
homicídio, roubo, lesão corporal e formação de quadrilha. Ele foi recolhido à
carceragem do 2º DP (Bom Retiro), mas será encaminhado ao Centro de Detenção
Provisória (CDP) do Belém, na segunda-feira (27).
Dez são detidos por dano ao patrimônio
Outros sete adultos foram presos e três adolescentes
apreendidos pela Polícia Militar depois de depredarem agências bancárias e um
terminal de ônibus, durante a passeata ocorrida na região central.
Os sete rapazes, com idades entre 18 e 23 anos, foram
flagrados pela Força Tática do 11º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano
(BPM/M) enquanto quebravam catracas do Terminal Parque Dom Pedro II, por volta
das 22 horas.
O grupo, que contava ainda com dois estudantes e um cobrador
– todos com 16 anos –, ainda danificou pelo menos 15 caixas eletrônicos de
agências de cinco bancos diferentes.
A equipe policial, que acompanhava o protesto, apreendeu
nove mochilas com o grupo, além de uma câmera digital, diversas sacolas, um
lenço vermelho e uma camiseta, além de sete celulares.
Um martelo para liberar o conteúdo do extintor de incêndio,
seis pedras e 10 simulacros de balas de fuzil também foram apreendidos com os
suspeitos, no cruzamento da Avenida do Estado com a Rua Wandenkolk.
Manifestantes atiraram pedras
Um policial militar da Força Tática, de 32 anos, foi
atingido por uma dessas pedras encontradas com o grupo, mas não reconheceu quem
atirou o objeto. A agressão o deixou com um ferimento no braço direito. O PM
foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de lesão corporal
cautelar e passa bem.
De acordo com os policiais militares, o estudante C.R.A., de
19 anos, e o ajudante de cozinha E.R., de 23, foram vistos lançando bombas de
fabricação caseira durante a passeata. Eles responderão por atirar os
explosivos.
O caso foi registrado no 8º Distrito Policial (Brás). Todos
os adultos foram indiciados por dano qualificado ao patrimônio e formação de
quadrilha. Eles ficarão detidos na carceragem do 2º DP (Bom Retiro), aguardando
uma definição da Justiça, que poderá decretar a prisão preventiva. Os
adolescentes serão encaminhados à Fundação Casa. Nenhum responsável por eles
compareceu à delegacia.
Mais de cem foram presos em protestos
De acordo com o delegado Luis Francisco Segantin Junior,
responsável pelo setor de inteligência da 1ª Delegacia Seccional (Centro), pelo
menos 106 pessoas foram indiciadas e presas em passeatas desde junho.
“Todas essas informações constam num sistema integrado das
polícias, que leva as informações de averiguados e acusados ao conhecimento de
todos os órgãos de segurança”, afirmou. Além disso, as polícias fazem um
monitoramento de investigados em meios digitais, como redes sociais e blogs.
A Delegacia Eletrônica também tem feito estudos e
monitoramentos de redes sociais para evitar atos violentos e descobrir seus
líderes. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, já havia
destacado que a internet é o principal meio de comunicação dos grupos
criminosos e, por isso, é importante acompanhar o que acontece dentro da rede.
“Com essa união de esforços, a gente consegue proteger a
nossa cidade”, destacou o major Mauro. “Nós já mudamos a história do país com
manifestações, de cara limpa e com caras pintadas, mas nunca com os rostos
cobertos”, ressaltou.
Segundo o oficial, é preciso que as polícias continuem
acompanhando os eventos para garantir o direito da livre manifestação. “Mas de
manifestações reais, sem violência.”
Por Rafael Iglesias
SITE DA SSPSP:
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