Desde cedo aprendi, em casa, a não gostar das ditaduras. Mas
que fique bem claro, qualquer tipo
de ditadura. Não escolho entre as boas ditaduras e as más ditaduras. Sou democrata,
pluralista, conservador, e contra o multiculturalismo. Não acredito em
discursos salvadores de partidos, sejam de esquerda ou de direita; afinal, ao polarizarem,
vergam a reta e se encontram quando o círculo se fecha. E não gosto do ativismo
de minorias, geralmente escondem seus propósitos intolerantes.
No tempo da ditadura militar, era visto por muitos como de
esquerda, por ser contra a ditadura; por outro lado, sendo contra a esquerda e
seu projeto totalitário, era visto como direitista ou governista. Radicais
salvadores nunca entenderão um conservador democrata e pluralista.
Então, considerando o deserto brasileiro no campo do
pensamento, hegemonicamente de esquerda, mas sem, ao menos, o preparo teórico
do passado, fiquei muitíssimo feliz quando descobri os textos do professor
Olavo de Carvalho na imprensa, e depois seus livros, começando pelo O Imbecil
Coletivo.
Eram meus conhecidos Nelson Rodrigues, Roberto Campos, Paulo
Francis, José Guilherme Merquior. Depois descobri Olavo de Carvalho, Diogo Mainardi,
Reinaldo Azevedo. Depois Luis Felipe Ponde e João Pereira Coutinho. Em suma,
sou um rebotalho conservador fora-de-moda. E, quando posso, encomendo em sebos
os livros recomendados na lista de leitura do professor Olavo.
Foi por esse motivo que, lendo há mais de quinze anos sobre
o Foro de São Paulo, nos brilhantes textos de Olavo de Carvalho, nunca me
surpreendi com as notícias relativas às intenções declaradas ou não de um
partido como o PT. Um partido que não aceitou bem a nova Constituição talvez
tenha problemas com a idéia da Democracia.
Um partido cujo fundador Luís Inácio da Silva, junto com
Fidel Castro (aquele democrata cubano que mantém toda a população encarcerada e
nos anos 50), criou o que se chama de Foro de São Paulo, não pode gostar muito
da idéia democrática pluralista, e nem da economia de mercado e das liberdades
individuais.
UNIÃO DE FORÇAS DE ESQUERDA
Claro, pois uma das idéias centrais dos foristas é criar uma
união de partidos e movimentos de esquerda (alguns até com ações terroristas)
para controlar toda a América Latina, por meio da conquista do Poder pelo voto.
Até aí, dentro do jogo democrático.
Depois, por meio de diversos subterfúgios, mimetizando ações
democráticas, ir ocupando as instituições com seus correligionários,
aparelhando tudo, de modo a que sejam, em seguida, facilitadas ações de mudança
constitucionais, como temos visto na Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador, e
até, por incrível que pareça, na Colômbia, em que as Farc ainda não chegaram ao
poder.
Com isso mudam os critérios de funcionamento da Justiça,
muda o sistema educacional, muda o sistema político e se estabelece uma nova
classe. De fato, nada muito novo, nada que não tenha sido visto na antiga União
Soviética e sua classe dirigente, a Nomenklatura. Apenas uns temperos dos novos
tempos, de Século XXI, com abordagens mais sutis, adotando táticas marxistas-gramscianas,
isto é, tomando o mingau pelas bordas, assaltando a cultura, os meios de
comunicação, o pensamento universitário.
No fim das contas chega-se a um regime totalitário.
O jornalista Reinaldo Azevedo, e mais alguns poucos
profissionais de Imprensa, como o próprio Olavo de Carvalho, Aluízio Amorim, Mainardi,
Augusto Nunes, costumam chamar as coisas pelo que são, pelo nome que têm. Então,
fica claro compreender que o chamado “mensalão”, ao contrário do que afirmam
defensores do governo, não é apenas mais um pouco de corrupção em um pais
corrupto.
Não, o Brasil já tem corrupção em altas doses, isso está
quase entranhado nas práticas culturais. É o pais do jeitinho, pois não? A
compra de votos ou de apoio no Congresso não visava, apenas, o dia-a-dia, o
arroz com feijão. Para isso o governo já tinha a maioria. É disso que Lula quer
dizer que fala quando fala da maioria que o governo tem. Mas o partido governista
não poderia ousar ampliar suas metas e aplainar o terreno para a absoluta
hegemonia política sem satisfazer o volúpia, a gula dos corruptos.
A corrupção seria o meio, mas não o fim.
É disso que se trata o Mensalão quando analisado numa perspectiva de mais
longo prazo. Existiu, sim, o STF o está provando. Mas não é uma mera coleção de
ações de corrupção.
É o rastilho, são as pegadas, os sinais de um projeto maior,
de um Brasil reconstruído à moda bolivariana.
O mensalão, e sua conseqüência, a tomada do Poder de forma
absoluta, talvez fosse o real sonho de consumo do rei, do guia dos pobres, do líder
que não erra; o grande condutor, aquele que escapou ao controle dos marxistas e
dos bispos da CNBB (conforme o livro O Partido de Deus).
O próprio Deus, segundo Marta Suplicy. Lula.
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