“Minha escola não oferece lanches adequados ao meu estômago”.
“Meu país precisa de mais liberdade”.
“Comprei uma panela de pressão maravilhosa para fazer
ensopados”.
“Vejam como o meu cachorro é bonitinho”.
“Eu e ela em Cancun”.
“Acordei mal hoje e tomei um Lexotan”.
“O Facebook vai levar a democracia aos paises árabes”.
“Peidei, mas não fui eu”, diria o Lobão.
São demandas diferentes, mas tudo é nivelado pela chamada mídia
quando vira notícia. O Facebook é uma realidade estranha. De algum modo, por
algum motivo, creio que seja superestimado, mas produz certamente os seus
efeitos.
Nada mais parece acontecer no mundo que não seja comentado no Facebook. E, tudo que
faz barulho no Facebook vira notícia na mídia. É uma coisa de doido.
Assessorias de comunicação, apatetadas, rastreiam o Facebook
como se fossem vigias analisando o horizonte à procura de bandeiras piratas: “perigo
à vista”. Candidatos postam frases que julgam inteligentes, tanto no Facebook
como no Twitter, e julgam-se eleitos. Pobres coitados.
As pessoas descobriram novos brinquedos. Além do já clássico
e insubstituível celular, ora na versão smartphone. Ninguém mais olha para o
rosto do próximo, mergulhados no poço de segredos e atrações que hoje é
retangular e luminoso.
Qual a serventia das novas tecnologias de comunicação?
Comunicar, por óbvio. Mas as pessoas estão deslumbradas. Elas berram aqui na
esquina e são ouvidas no outro lado do mundo. Ou imaginam que isso aconteça de
verdade.
É claro que a maioria jamais sairá do anonimato em que se
encontra. Apenas alguns sortudos ou espertos conseguem escapar da espuma
comunicativa e fixar-se como craca no rochedo da perenidade fugaz. Uns dez
dias, está bem? Depois o esquecimento eterno.
GERANDO MONTRINHOS
Com isso tudo passamos a perceber que certas coisas que são
feitas e aplaudidas não chegam a ser bem ponderadas. O Facebook pode estar
gerando monstrinhos imaturos, estimulados por papai e mamãe gansos.
O senhor deixaria a sua filha devassar os segredos de seu
lar?
“Papai peida alto e fedido enquanto janta.
Mamãe arrota
azedo quando fala com as pessoas.
Minha avó tem caspas e cospe no chão.
Vovô
nunca puxa a descarga e ainda limpa o nariz com a unha do dedo mindinho.”
Casa de monstros? Não. Talvez um certo exagero, mas não deve
ser muito diferente da casa de todo mundo. Sempre há algum que extrapola um
pouco. Ou não faz alguma coisa do modo correto e educado.
“Meu pai nunca atende o telefone porque sempre está com as
contas atrasadas”; "minha mãe, toda vez que acaba de falar com uma amiga diz : __”Era
a chata da Aninha"....”; “Meu irmão mais velho é um pentelho que acha que sabe
tudo”, ou “minha irmã mais nova tem
ataques histéricos quando é contrariada”.
Já imaginaram se tudo o que acontece na sua casa fosse parar
direto, sem filtragem, no Facebook? O senhor não iria gostar, não é? De certa
forma a coisa funciona como nos jornais de sindicato, de empresas e outros veículos
voltados para Relações Públicas. Propaganda. Ninguém usa um veículo próprio
para falar mal de si mesmo.
PEQUENOS JUSTICEIROS
Pois é, então imagine a situação das escolas que agora estão
começando a virar alvos de pequenos justiceiros que, sem medir consequências,
pela falta de maturidade das crianças, escracham tudo o que encontram pela
frente.
Ao invés dos problemas serem discutidos internamente, não para o abafa,
mas para a solução correta, a coisa alcança o mundo. E para quê? Para consertar
uma torneira que pinga; para pedir alguns livros mais na biblioteca. Dizer que no banheiro falta papel higiênico. Professores começam a sofrer com esse assédio. É uma desmesura.
Não, não estou contra que crianças aprendam a andar com as
próprias pernas, e nem que deixem de desenvolver o tal tão estimado espírito critico.
Mas não está faltando ponderação? Limite? Adequação.
Já há mães ofendidas porque seus pimpolhos estão começando a
ser hostilizados entre os coleguinhas e, então, as próprias mães começam a criticar
os pais das outras crianças, etc... Não parece uma roda viva? Crianças imaturas
emocionalmente e intelectualmente começam a ser procuradas pela imprensa para
dar palpites primeiro sobre a própria escola, depois o trabalho do prefeito,
depois a escalação da seleção, depois a guerra na Síria, depois se acha que
Obama é mesmo islâmico ou se Lula foi realmente o chefe do Mensalão.
“Maricota, o
que você achou do depoimento do ministro indicado ao STF no Senado ontem”? E os pauteiros deslumbrados
associam-se a crianças de ego inflado que não conseguem mais sair do noticiário. E serão obrigadas a falar sobre tudo...
Creio que nada disso resultará em coisa muito boa.
Agora me
dêem licença que tenho que sair. Alguém soltou um pum aqui do meu lado.
FOTO DE LOBÃO COM A CAMISETA:
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhL6Fu0TiDfycSvvVgLBCQ4_PtyNf6C_1zEhat_iDOlsbqAZLOI2ODzcip8nYSkbegnhsN04fxXGz95c35U2Uh1Sktnm7V7NITYLqtrbZga_QzwvT0MawwEQMbH6OZfnokqNBKIiwbHMhbz/s400/lob%25C3%25A3o-argosfoto.jpg
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