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quarta-feira, 7 de março de 2012

CICLISTAS, FASCISMO E O TRÂNSITO DA AV. PAULISTA. Ou, a "categoria" ciclística quer impor aos outros o sonho do mundo melhor.

ANDAR DE BICICLETA EM GRANDES
CIDADES PODE SER BEM ARRISCADO

Acompanho alguns blogs, diariamente, assim como sites de informação jornalística do Brasil e do exterior. Com isso procuro estar melhor informado e menos sujeito à propaganda governamental ou ideológica de grupos de ativistas que vaza de alguns veículos.

Lendo o blog de Reinaldo Azevedo, um dos raros jornalistas dotados do senso de lógica no Brasil, fiquei sabendo que ele está sendo bombardeado pela “categoria” dos bikers, ou vulgarmente chamados ciclistas.

Quanto aos ataques que ele sofre dessa gente, ele mesmo é muito capaz, e como é capaz!, de fazer a própria defesa. Mas penso que também gostaria de dizer algumas coisas sobre esses tais ativistas ciclísticos.

Como diriam textos ao estilo antigo: “Tudo começou quando uma moça, andando de bicicleta pela Avenida Paulista, acabou morta debaixo de um ônibus”.

Pois bem, no dia da morte da moça (que Deus a tenha!), na manhã da sexta-feira, 2 de março, usuários de bicicleta fizeram uma rápida manifestação, deitando-se na avenida e protestando contra a violência no trânsito e pelo descuido para com  os ciclistas. No dia 6 houve uma manifestação muito maior, com cerca de 500 ciclistas, que paralisou, no início da noite o trânsito na região da Avenida Paulista, criando o caos na região.

Azevedo os chamou de talibikers ou fascibikers, o que os enfureceu, daí passarem a atacá-lo de modo violento, mais com impropérios que com bons argumentos. É esta característica que mais me interessa.

Os ciclistas podem associar-se e defender suas idéias, assim como outras minorias. Mas me pergunto o por quê da incapacidade dessa gente de expor suas ideias com clareza, ao invés de ofenderem e desejarem a morte de quem pensa diferente. Ele os chamou de talibãs, fascistas devido ao fato de quererem impor ao mundo as suas certezas. É o que parece, visto que não conseguem dialogar sem ofender e ameaçar a integridade do outro.

Nestes tempos politicamente corretos, grupos que acham que têm a solução para os problemas do mundo, para salvar a Humanidade e Pachamama, além das tartarugas e baleias, apelam para o direito de manifestar-se, mas são absolutamente intolerantes com as idéias e posições alheias, e parecem insensíveis às consequências de seus próprios atos.

É esse comportamento ou atitude que configura um forte viés fascista, fundamentalista e totalitário. Quando as idéias sobre algo passam a ganhar um caráter de certeza absoluta, corre-se o risco de matar o outro, em nome da vida! 

Isso me faz lembrar a situação dos que defendem o aborto e dos que são contra o aborto nos Estados Unidos. Há alguns anos era comum ler notícias de que clínicas de aborto, nos estados onde isso era permitido por lei, grupos de cristão contrários ao aborto chegavam a atacar e a agredir pessoas, e até a mata-las, por estarem exercendo o direito garantido por lei. Os tais ativistas contra o aborto (matar fetos), supostamente pela vida, matavam os que matavam fetos!

Em suma, uma coisa absolutamente estranha e imprópria para uma sociedade democrática. Também os abortistas,  por outro lado, dizendo-se humanistas em busca da libertação da mulher e da ampliação dos seus direitos, nada vêem de errado no fato de apoiarem a matança de fetos.

Ninguém sabe responder quando um feto passa a ser um humano de fato, então isso, ao invés de estimular uma posição mais cautelosa sobre o aborto, evitando a eliminação dos fetos, parece ser algo que não preocupa os ativistas.

Pode-se fazer um paralelo com uma dos princípios do Direito: na dúvida, pró-réu. O que significa isso? Significa que, num julgamento de alguém, se não há a certeza absoluta da culpa daquele que é julgado, deve-se evitar a sua condenação. No final das contas, pode-se estar condenando um inocente.

Se isso vale para criminosos que, muitas vezes sabemos serem realmente maus, mas os absolvemos por falta de provas definitivas, quem se arvora no direito de condenar fetos à morte sem a certeza de poder dizer: isso não é humano, não tem direitos?

Então, as minorias que agem para impor sobre os demais as suas convicções e certeza, na marra, e não na argumentação civilizada, agem sim como totalitários, como fascistas intolerantes dotados de uma convicção de que só eles têm razão e estão certos e que suas idéias levarão à salvação do mundo. Poderiam, até, em tese, estar certos.

Mas perdemos a razão quando tentamos enfiar goela abaixo dos outros as nossas convicções. Além de espalhar o caos em uma região da cidade por onde passam  milhões de pessoas que, devido às circunstâncias de uma metrópole, já gastam horas por dia nas agruras do trânsito.

E. como disse Reinaldo Azevedo, geralmente é gente da classe media e com dinheiro que acaba querendo impor a sua visão salvacionista aos demais. É aquela categoria que defende o direito de ser feliz e querem impor a própria felicidade aos outros, a qualquer preço. Para mim, configuram muito mais uns grandes egoístas que só enxergam o próprio umbigo.

Não existe uma “categoria” de ciclistas, assim como, com o devido respeito à morta, ciclista profissional, como ela foi chamada por parte da imprensa. Ciclista profissional é quem usa a bicicleta cotidianamente? Isso é profissão? Os que usam automóveis para trabalhar seriam motoristas profissionais? E os coitados dos passageiros de ônibus e metrô, usuários profissionais de transporte público?

Chega a ser ridículo!

PS: Que fique claro, ganhei a minha primeira bicicleta aos seis anos de idade, uma Merckswiss

MERCKSWISS ANOS 50, ARO 24

Tive muitas bicicletas, de várias marcas e modelos, fiz compras para minha mãe, fui à escola, vadiava com os amigos pela periferia. Com dez ou onze anos formávamos grupos de bicicleta e íamos de um município a outro, por estradas de terra, 25, 30 40 quilômetros.

Tenho bicicleta até hoje, embora a utilize com menor frequência devido aos riscos do trânsito. Assim, nada tenho contra o veículo bicicleta e nem contra benefícios à saúde ou até ao meio ambiente que possam advir de seu uso. Mas não me pegam para crente de seitas fanáticas que querem impor um modo de ver aos outros a qualquer custo. Não sou adepto da religião do Mundo Melhor. 

Uma coisa é certa: andar de bicicleta em certas cidades é um risco muito grande. Em algumas vias de São Paulo então, quase uma tentativa de suicídio. E os tais arautos do glorioso futuro sobre duas rodas precisam, também, considerar que a maior parte, realmente, dos ciclistas, é absolutamente indisciplinada. 

Já vi muitos atropelamentos por bicicletas, e eles machucam bastante. Morei em Araçatuba (SP) e Maringá (PR), duas das cidades que sempre tiveram altíssimos índices de bicicletas por mil habitantes. Pelo que percebo, em São Paulo, os "bikers" são adeptos da geração saúde, têm dinheiro, compram bicicletas caras, e querem desfilar um pouco. 

Nada contra, mas que tenham cuidado. Suas bicicletas não são iguais àquelas dos chefes de família da periferia, não custam 200 reais e têm pneus carecas. O povo que anda de bicicleta não tem escolha, não tem dinheiro e não tenta impor aos outros as suas carências. Se pudessem andariam em outros tipos de veículos.    

Tenhamos um pouco de bom senso.
     
Gutenberg J.

Imagem de bicicleta: 
http://www.euvoudebike.com/tag/ciclovia/

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