Alexandre Borges
30 Maio 2014
Mais um mandato presidencial para o PT e esse
país estará irreconhecível em 2018.
Esse país de vocês ganhou um
decreto realmente peculiar semana passada, o de nº 8243. Ele institui a
“Política Nacional de Participação Social – PNPS” que tem como objetivo
“consolidar a participação social como método de governo”.
A linguagem sinuosa e dissimulada
do decreto é proposital, mas vamos traduzir: se você é um militante ou é um
membro do Agitprop petista aboletado em algum agrupamento apelidado de
“movimento social”, você passará a ter, oficialmente, poder político acima do
cidadão comum e poderá influenciar diretamente, sem intermediários, (leia-se
Congresso Nacional, por exemplo) a gestão do país.
A idéia é antiga e remonta ao
paleolítico do comunismo. Desde a Primeira Internacional e da Comuna de Paris,
em meados do séc. XIX, os comunistas desdenham do sistema republicano, com
representantes eleitos, a tal democracia burguesa.
As idéias de separação de poder
de Montesquieu e da democracia representativa sempre foram consideradas
empecilhos para a “democracia direta” ou plebiscitária, uma excrescência
jacobina que sempre termina em barbárie.
A Atenas do séc. IV a.C. tentou
uma forma de democracia direta, em que os julgamentos eram realizados por 500
“juízes” sorteados entre os seis mil cidadãos com plenos direitos políticos,
que decidiam por maioria simples os casos do dia-a-dia. O resultado era uma
cidade em que todos acusavam todos pelos motivos mais banais, com julgamentos
realizados de maneira açodada e emocional, com vereditos diretamente
influenciados mais pela eloquencia do orador do que pelo mérito da questão.
A experiência ateniense e seus
resultados desastrosos já deveriam ser suficientes para enterrar de vez a idéia
jacobina de governar por plebiscitos. Mesmo o atual regime suíço, que muitos
consideram um tipo de democracia direta, é uma experiência totalmente distinta
e com diversas salvaguardas para que leis não sejam aprovadas no calor das
emoções (e estamos falando de suíços, não necessariamente o povo mais emotivo
do mundo).
A experiência mais emblemática desse tipo de grupamento não-eleito com
poderes políticos são os “sovietes” ou conselhos operários, que ajudaram a
criar as condições para a revolução russa em 1917.
Instituídos em 1905 e
festejados por Lênin como “expressão da criação do povo”, os sovietes chegaram
a criar uma corrente do comunismo chamada “conselhismo”, uma oposição ao
comunismo de estado, que acreditava serem os conselhos operários formas
superiores de participação popular na política.
Com a revolução de 1917, os
bolcheviques lançaram o lema “Todo poder aos Sovietes” e até a dissolução da
URSS os sovietes eram considerados pilares essenciais do regime comunista.
Não se enganem, esse pessoal sabe o que está fazendo. Mais um mandato presidencial para o PT e esse país estará irreconhecível em 2018, podem anotar.
- Decreto nº 8242:
Publicado na Reaçonaria.
Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
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