Filho pródigo e incorrigível
Percival Puggina
14 Junho 2014
Para o PT, cair em si significa
fazer mais do mesmo. E vem aí a outra "conquista" desse filho pródigo
da ingenuidade nacional - os Jogos Olímpicos de 2016.
No Evangelho de São Lucas, Jesus
narra uma história que se tornou, provavelmente, a mais conhecida dentre todas
as suas parábolas. Ela descreve a experiência de um filho que pede ao pai rico
a antecipação de sua herança. Com a grana na mão, ele viaja para um país
distante, cai na vida, afunda nos vícios, gasta tudo que tem e experimenta o
sabor da mais irrecorrível miséria (vem daí o adjetivo pródigo, ou seja,
esbanjador, gastador, associado a esse personagem). Gradualmente, porém, ele se
arrepende, decide retificar sua conduta e retorna à casa do pai, a quem pede e
de quem recebe efusivo perdão.
Tem muita razão o jornalista
Eugênio Bucci, em artigo publicado no Estadão no dia 12 deste mês. Segundo ele,
embora a presidente Dilma e os governistas acusem a oposição de explorar
politicamente o evento da FIFA, foram os governos petistas que confundiram
futebol com política e eleição desde que se dispuseram a oferecer o país para a
realização da Copa de 2014.
É bom recordar. Logo no início,
Lula faturou os abraços e as lacrimosas efusões de alegria perante a - assim
proclamada - conquista. Depois, explorou as escolhas das sedes da Copa,
aumentando em cinquenta por cento, sem necessidade alguma, os teatros em que
ela se desenrolaria. Bastavam oito sedes, mas Lula quis 12 para faturar em mais
quatro Estados os dividendos eleitorais que disso adviriam.
Depois, junto com
Dilma, aproveitou politicamente, anúncio por anúncio, as "obras da
Copa" voltadas para mobilidade urbana, aeroportos e infraestrutura.
Custou a cair a ficha.
Passaram-se seis anos inteiros, ao longo dos quais o governo petista reinou com
a convicção de que poderia fazer o que bem entendesse no país. O PT se tornou o
novo Príncipe de Machiavel, com a vantagem de estar com os cofres cheios de dinheiro
para usos e abusos.
O partido do governo se fundiu e confundiu com o Estado,
com o governo, com a administração pública federal e com as empresas estatais.
Como é fácil, na política, a vida dos endinheirados inescrupulosos!
Foi em junho do ano passado,
quando entramos na contagem regressiva para os jogos da Copa, que a ficha
começou a cair e a nação passou a compreender o quanto haviam sido absurdos e
abusivos os custos, os gastos, as exigências e as concessões feitas pelo
governo petista.
O escandaloso contraste entre o "padrão FIFA" e a
realidade social do país, a tenebrosa situação do sistema de saúde e a péssima
qualidade do ensino público, levou o povo às ruas nos protestos de junho de
2013. E produziu a impressionante reação popular ante a presença da presidente
Dilma no jogo inaugural da Copa.
No entanto, vale o alerta: no
poder, o governo petista conta com o dinheiro de todos nós e nada -
absolutamente nada! - sugere que vá
arrepender-se, ou mudar de conduta. Para o PT, cair em si significa
fazer mais do mesmo.
E vem aí a outra "conquista" desse filho pródigo
da ingenuidade nacional - os Jogos Olímpicos de 2016. O PT é um filho pródigo
incorrigível, que precisa ser mantido a quilômetros de distância dos recursos
públicos.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
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