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Fernando Cavendish, presidente da construtora Delta, vai se afastar do comando da empresa juntamente com o diretor executivo Carlos Pacheco.
A decisão será anunciada nesta quarta-feira, em Brasília, em carta da Delta à Controladoria Geral da União (CGU), anunciando também o início de uma auditoria feita por uma empresa independente.
A direção da construtora, durante a investigação, ficará a cargo do engenheiro Carlos Alberto Verdini, que está na empresa desde 2003.
A Delta está no centro das investigações que apuram denúncias de uma rede de corrupção encabeçada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. As suspeitas da Polícia Federal são de que a construtora alimentou doações eleitorais repassadas por Cachoeira.
Empurrão do governoCavendish conseguiu um feito raro: em dez anos, fez o faturamento de sua empresa saltar de 67 milhões de reais para 3 bilhões de reais. Conforme levantamento da ONG Contas Abertas, apenas em obras contratadas pelo governo federal, a Delta arrecadou nesse período 4 bilhões de reais.
Na segunda metade da década, o empresário - que já exibia a peculiar habilidade de manter bons relacionamentos com gestores públicos, sobretudo no Rio - transformou-se no “príncipe do PAC” ao arrebatar a grande maioria dos contratos de infraestrutura do Programa de Aceleração do Crescimento lançado pelo governo em 2007. Ao final de 2011, a Delta era a principal fornecedora do programa, com contratos avaliados em mais de 2 bilhões de reais.
Risco de quebraA elevada dependência no faturamento da Delta da realização de obras públicas, que estão no centro do escândalo, pode deixar de ser um feito digno de comemoração para se tornar a ruína de seus negócios. Acuada pelas denúncias, a Delta já começou um movimento de abandono de grandes obras, como a sua participação nos consórcios que tocam a reforma do Maracanã, a construção da TransCarioca e do polo petroquímico de Comperj.
Com 25 000 empregados diretos e 5 000 indiretos, a empresa tenta agora evitar o efeito dominó que atingirá outros projetos. Se houver uma sequência de novos cancelamentos, a empresa, conforme as palavras do próprio Cavendish em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, corre o risco de quebrar.
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