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sexta-feira, 13 de abril de 2012

CNBB POSICIONA-SE TARDIAMENTE COM NOTA SOBRE A QUESTÃO DO ABORTO DE ANENCEFÁLICOS. Após a decisão do Superior Tribunal Federal CNBB lamenta o leite derramado. Onde estava a força do maior contingente católico do mundo?



ÍNTEGRA DA NOTA DA CNBB SOBRE A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO DE FETOS ANENCEFÁLICOS.

"A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB lamenta profundamente a decisão do Supremo Tribunal Federal que descriminalizou o aborto de feto com anencefalia ao julgar favorável a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental n. 54. Com esta decisão, a Suprema Corte parece não ter levado em conta a prerrogativa do Congresso Nacional cuja responsabilidade última é legislar.

Os princípios da "inviolabilidade do direito à vida", da "dignidade da pessoa humana" e da promoção do bem de todos, sem qualquer forma de discriminação (cf. art. 5°, caput; 1°, III e 3°, IV, Constituição Federal), referem-se tanto à mulher quanto aos fetos anencefálicos. Quando a vida não é respeitada, todos os outros direitos são menosprezados, e rompem-se as relações mais profundas.

Legalizar o aborto de fetos com anencefalia, erroneamente diagnosticados como mortos cerebrais, é descartar um ser humano frágil e indefeso. A ética que proíbe a eliminação de um ser humano inocente, não aceita exceções. Os fetos anencefálicos, como todos os seres inocentes e frágeis, não podem ser descartados e nem ter seus direitos fundamentais vilipendiados!

A gestação de uma criança com anencefalia é um drama para a família, especialmente para a mãe. Considerar que o aborto é a melhor opção para a mulher, além de negar o direito inviolável do nascituro, ignora as consequências psicológicas negativas para a mãe.   Estado e a sociedade devem oferecer à gestante amparo e proteção.

Ao defender o direito à vida dos anencefálicos, a Igreja se fundamenta numa visão antropológica do ser humano,baseando-se em argumentos teológicos éticos, científicos e jurídicos. Exclui-se, portanto, qualquer argumentação que afirme tratar-se de ingerência da religião no Estado laico.

A participação efetiva na defesa e na promoção da dignidade e liberdade
humanas deve ser legitimamente assegurada também à Igreja.

A Páscoa de Jesus que comemora a vitória da vida sobre a morte, nos inspira
a reafirmar com convicção que a vida humana é sagrada e sua dignidade
inviolável.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, nos ajude em nossa missão de
fazer ecoar a Palavra de Deus: "Escolhe, pois, a vida" (Dt 30,19)."

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB


PS.

Nem entrarei no mérito sobre se a CNBB representa ou não oficialmente a posição de Roma no Brasil. Apenas observo que, após essa questão tramitar em vários níveis, até que se chegasse a essa decisão do STF sobre a descriminalização do aborto de anencefálicos, a entidade emite uma nota pífia, fraca, quase desnecessária.

A combatividade dos católicos deveria ter sido mostrada antes. Mas pelo que leio e acompanho na Internet parece, e com o devido respeito aos católicos, pois venho de família católica há décadas, que os seus melhores representantes são, hoje, os seus irmãos cristãos de outras igrejas. Já comentei aqui o fato do pastor Malafaia defender a Igreja melhor que os católicos.

Penso que num país católico, em termos de maioria, do Ocidente cristão, a posição dos católicos em defenderem suas crenças foi abaixo da crítica. Afinal, para a visão cristã, a defesa da vida e do indivíduo é fundamental.

Raramente, nos últimos anos, temos vistos autoridades católicas falarem sobre isso. Parece que o mundo católico está entorpecido, anestesiado, sem crítica, vencido pela praga interior que se desenvolveu na Igreja chamada de Teologia da Libertação.

Tenho ouvido de católicos que quase não saem das sacristias e das barras das batinas que "pessoalmente sou contra o aborto, mas..." e lá vem as balelas sobre saúde pública, felicidade da mulher, etc. Toda aquela ladainha que ficaria muito bem, bastante adequada, na boca de inimigos da Igreja e do mundo cristão, representantes do mundo pagão, que estão comendo a instituição por dentro.

Lamento pela fraqueza da posição da Igreja e da CNBB, e pela manifestação realmente tardia.

Assim, após essa decisão seletiva sobre aborto de anencefálicos teremos outras, sobre débeis mentais, aleijados e até infanticídio e eutanásia.

Vamos lá, doutores da Igreja, com todo o respeito, honrem os fiéis e a confiança da Santa Madre Igreja. Mexam-se, defendam suas ovelhas e seu futuro rebanho.

Não permitam que matem seres inocentes.

Gutenberg J.

Ilustração:
http://themasterstable.wordpress.com/2010/08/27/the-strange-relationship-between-abortion-and-the-death-penalty/  

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