"Mais médicos": enfim a
hora da verdade
Percival Puggina
5 de Fevereiro de 2014
Há 13 anos Cuba já adotava esse
procedimento. De um lado anuncia ao bom e generoso povo cubano que está
prestando ajuda humanitária. De outro, apropria-se da renda produzida pelos
recursos humanos que aloca.
Outra coisa que ninguém conta,
mas tenho informação de cocheira: faltam médicos em Cuba.
O pedido de asilo da cubana
Ramona Matos Rodriguez, que desertou do programa "Mais Médicos",
quebrou os ponteiros do relógio do governo petista em relação à sua tramóia com
a empresa Castro & Castro Cia Ltda, com sede e foro na cidade de Havana.
Chegou a hora da verdade.
Impõe-se, portanto, que eu
escreva este artigo. Durante meses, os defensores do indefensável, com a fria
determinação dos mentirosos contumazes, tentaram negar os fatos. Tentaram
transformar esse negócio escandaloso em inaudita solidariedade do povo cubano
para com os países necessitados. Também para eles acabou o tempo da mentira.
Não se trata, aqui, de mostrar o
quanto sei sobre a realidade daquela ilha caribenha, mas de mostrar há quanto
tempo tais fatos são bem conhecidos. Por isso, transcrevo a seguir um trecho do
meu livro "Cuba - A Tragédia da Utopia", publicado em 2004. É o relato
de uma informação que recebi na Embaixada de Cuba quando a visitei em 2001 e
ainda sequer cogitava escrever o referido livro (pag. 113).
"Em 2001 fui visitar a
embaixada brasileira em Havana. Ela se situa no excelente prédio da Lonja de
Comércio (Bolsa de Valores), uma edificação do século XIX, recentemente
restaurada. (...) Durante a entrevista (com o secretário da embaixada), entrou
na sala uma moça de cor negra que lhe dirigiu algumas palavras em espanhol e se
retirou deixando expedientes sobre a mesa. Quando ficamos novamente sós, ele
explicou que a moça era cubana, excelente funcionária, contratada por uma das
duas agências oficiais através das quais o governo loca mão-de-obra para
organizações estrangeiras que funcionam no país.
A embaixada fornecera uma descrição
do perfil da pessoa que necessitava, agência estabelecera o valor da
remuneração em 200 dólares mensais, enviara algumas moças para serem
entrevistadas e aquela havia sido escolhida. Dos 200 dólares com que a
embaixada remunerava a agência a moça recebia o equivalente, em pesos, a 20
dólares. O restante ficava para seu generoso patrão, o Estado cubano.
Diante
dessa dura realidade a representação brasileira, incluíra a funcionária em sua
folha de pagamentos e lhe repassava, por fora, 500 dólares mensais. É o que a
maior parte das representações estrangeiras e empresas de fora fazem como forma
de motivar seu pessoal.
Não é diferente o que acontece em
relação aos muitos convênios que o governo cubano estimula que sejam firmados
com países latino-americanos para fornecimento de pessoal médico, especialmente
na área de medicina comunitária. Cuba não sabe o que fazer com os médicos que
têm (um médico para cada cento e poucos habitantes!) e os médicos não sabem o
que fazer com o que sabem. Acabam nas portas dos hotéis, oferecendo serviços
como guias turísticos. Através desses convênios e do mecanismo de apropriação
do salário de seu pessoal nos tenebrosos níveis acima descritos, o governo
consegue captar dólares no exterior. E ainda faz o seu “comercial” como um país
solidário que presta importante ajuda à saúde pública das comunidades carentes
do planeta."
Há 13 anos, portanto, Cuba já
adotava esse procedimento. De um lado anuncia ao bom e generoso povo cubano que
está prestando ajuda humanitária. De outro, apropria-se da renda produzida
pelos recursos humanos que aloca, numa proporção jamais sonhada pelo mais porco
dos "porcos capitalistas" dos quais tanto mal falam. Pior ainda: nos
tempos do patrocínio soviético, a paga cubana em recursos humanos consistia em
enviar jovens para as guerrilhas comunistas nos conflitos da África
subsaariana. Sangue cubano por rublos e petróleo, em nome da "unidade dos
povos".
Agiu certíssimo a Dra. Ramona.
Quero ver a retirarem do gabinete da liderança do DEM. Pago para ver! Ronaldo
Caiado é osso duro de roer. Quero ver, também, quem terá coragem de desmentir
as informações que ela presta sobre o sinuoso percurso dos valores que o
governo brasileiro paga, per capita, a Raúl Castro.
E quero ver, por fim, o que
dirá a OPAS, a altissonante Organização Pan Americana de Saúde, intermediária
oficial dessa operação, sobre o contrato dos médicos cubanos com a tal de
Sociedade Mercantil Cubana Comercializadora de Serviços Médicos Cubanos S.A.
que a contratou.
Outra coisa que ninguém conta,
mas tenho informação de cocheira: faltam médicos em Cuba. Os negócios dessa
empresa locadora de médicos (!) esvaziaram os serviços locais que estão sendo
prestados por estudantes latino-americanos de Medicina.
Repito: quebraram-se os ponteiros
desse negócio. O que ainda existe de moralmente sadio na sociedade brasileira
não pode conviver passivamente com um declarado e certificado regime de
escravidão em território nacional.
Com a palavra a Ministra Maria do Rosário.
Ou os cubanos não são humanos?
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA
SEM MÁSCARA:
Nenhum comentário:
Postar um comentário