Caros leitores, escrevo esta pequena introdução com lágrimas no olhos.
Sou caipira do interior de São Paulo. Conheço a rotina do homem do campo. Sei do amor dessa gente à terra. A luta contra a falta de água, a luta contra as pragas, a luta contra as cheias, o sol inclemente, os animais adoecidos. As doenças que matam as crianças ainda muito novas. O som das boiadas passando, o som fascinante dos berrantes. As tropas, as travessias de rios.
A lei nos iguala como brasileiros. Se há injustiça, que a justiça seja procurada de outra forma, não nos diferenciando, não nos discriminando para querer implantar uma igualdade impossível. Não transformando brasileiros legítimos em cidadãos de segunda classe aos 82 anos de idade. Quem fez isso é brasileiro de quinta categoria.
Se todos somos brasileiros, como distinguir, brancos, negros, índios, filhos de estrangeiros, mestiços e outros quetais. O Brasil é um país mestiço, queiramos ou não, independente da cor que nossa pele apresente.
É odioso, não há lei que justifique, tirar alguém de seu pedaço, quando essa pessoa nasceu e viveu nesse rincão, nessa terra, estando ali há 82 anos.
Oitenta e dois anos, desde 1929. Quase um século. Uma longa vida. A maioria dos que defendem essa divisão entre os brasileiros, importando o que há, realmente, de pior nos Estados Unidos (que, afinal, tem tantos bons exemplos a nos dar), essa visão politicamente correta da vida social, que discrimina, separa, alimenta o ódio racial.
A maioria desses idiotas nasceu, provavelmente em zonas urbanas, entre os anos 80 e 90, estudou e colégios privados, não sabe nem de onde vem o leite que bebem, imaginando que leite dá em caixinhas e as caixinhas em árvores. Só conhecem o campo, as galinhas, o gado, por fotografias. Não diferenciam um pé de alface de uma folha de ipê.
A única folha que alguns conhecem, talvez, é a da maconha. Não sei a razão, mas muitos desses de miolo mole que se dizem defensores de uma coisa para eles abstrata, a Natureza, são apreciadores da marijuana. Nunca ouviram pássaros de verdade, não distinguem um sabiá de um coleirinha.
Não percebem as diferenças de tom de verde na floresta que, para a maioria, não deve passar de um monte de árvores, como se fosse uma plantação uniforme de eucaliptos.
Nunca sentiram o chão da terra molhada após a chuva e nem jamais viram os rastros dos animais da floresta. Não distinguem um chimpanzé africano de um mico-leão-dourado. Não sabem da alegria de ver os brotos nascendo após o plantio, e nem o gosto do pão feito em casa, em fornos a lenha e de barro.
Mas são os defensores da natureza, da Amazônia. Para esses idiotas o que é uma vida inteira, de 82 anos de sofrimento?
A solução americana não serve ao Brasil. O Brasil é um país miscigenado.Sobre isso não há qualquer dúvida. Só gente muito mal informada ou mal intencionada pode falar o contrário.
Essa divisão do país em pequenos países, pequenos feudos, levarão, necessariamente a um processo de subdivisão do Brasil, uma fragmentação de nações que, certamente, procurarão obter a sua independência. A quem interessa isso?
Muita gente tem indicado, e o professor Olavo de Carvalho é um dos mais velhos batalhadores, que ongs internacionais, aliadas a fundações estrangeiras, mais um esquerdismo bocó, têm feito de tudo para nos dividir internamente. Um dos pretextos é a manutenção da integridade da Floresta Amazônica.
Não é isso que parece acontecer como consequência. Os índios, na verdade brasileiros índios, tutelados pela Funai, começam a parecer um outro povo. Qualquer dia não quererão mais se chamados de brasileiros. O quem servem tais ideias? Ao Brasil? Certamente não.
Essa separação, longe de nos beneficiar, e aos índios (ora) brasileiros, somente vai beneficiar quem realmente está por trás dessas ongs e dessas fundações: interesses internacionais.
Com os índios separados do Brasil, quem os impedirá de vender reservas do subsolo, madeiras, minérios, plantas, qualquer coisa, diretamene a esses interessados na nossa diversidade? Ninguém terá mais autoridade para tanto. Na época da separação das reservas houve até tensão com as forças armadas pois a Funai pretendeu, pelo que se leu na imprensa, dificultar que o Exército passasse por terra indígenas para chegar à fronteira.
Terras apenas indígenas? Ou terras brasileiras? Como impedir o Exército Brasileiro de desempenhar o seu papel constitucional? Nisso fica claro que as reais intenções dessas manobras todas disfarçadas de busca de igualdade.
Nada disso é o que parece ser. Temos hoje milhões de brasileiros que não pensam e nem agem como brasileiros, mas como quintas-colunas de interesses não confessados do exterior. Não sou um nacionalista exacerbado, mas não sou um internacionalista, pois não é disso que se trata. No caso, dividir é uma forma de enfraquecer o sentido de ser brasileiro, e há muito gente, aqui dentro, interessada nisso.
Começaríamos uma lista por dezenas de políticos que se dizem defensores da Amazônia. Vendilhões. Traidores disfarçados. Quintas colunas a soldo de fundações milionárias e ongs regadas a dólares. E tais traidores têm força no Congresso demonstram ser capazes de frequentar o Poder. Isso tudo me deixou realmente muito entristecido.
Agora leiam o artigo do Marcel Solimeo:
O ÚLTIMO EXILADO
Marcel Domingos Solimeo
O STF não levou em consideração os direitos de proprietários instalados ha décadas na região, e nem o de cidadania de muitas pessoas nascidas nessas terras que, apesar de brasileiros, foram obrigados a partir, como se fossem invasores estrangeiros que deveriam ser expulsos.
Com grande tristeza, li no Estadão de domingo que o fazendeiro Adolfo Esbell, de 82 anos, junto com sua mulher Zilda Ribeiro, deixou sua propriedade, e a terra onde nasceu e criou 16 filhos, sendo o ultimo dos não índios a deixar a área de Reserva Raposa Serra do Sol. Qual foi o crime que Esbel cometeu para ter sua propriedade confiscada e ser expulso da região, como o último exilado de uma área que, imaginava ele e pensávamos nós, era de todos os brasileiros?
Seu crime, punido de forma drástica pelo governo e pela Justiça, foi o de ser não índio, mas um cidadão de segunda classe, que não pode viver no território da nova "nação" que foi criada no país por pressões de organizações internacionais e de grupos financiados do exterior. Qual será a sensação dos senhores ministros do Supremo que votaram a favor da expulsão de cidadãos humildes de seus lares quando se acreditava que sua função era garantir os direitos de todos?
Será que avaliaram corretamente as implicações de sua decisão sobre os direitos individuais? Ou será que já estamos em um estágio tão avançado de socialização que o direito coletivo prevalece sobre as garantias individuais, mesmo aquela claramente assegurada pela Constituição? Criou-se uma falsa imagem de que se tratava de uma disputa entre os "pobres" índios e os "poderosos" arrozeiros, quando, na verdade, havia muita gente humilde atingida pela decisão.
Ao validar a demarcação da Reserva Raposa Serra do Sol de forma contínua, dando a cerca de 19 mil índios uma área de 1,7 milhões de hectares, o STF não levou em consideração os direitos de proprietários instalados ha décadas na região, e nem o de cidadania de muitas pessoas nascidas nessas terras que, apesar de brasileiros, foram obrigados a partir, como se fossem invasores estrangeiros que deveriam ser expulsos.
A política do governo Lula tem sido a de procurar criar divisões entre os brasileiros, seja com essa política de segregação de índios que de há muito convivem com os brancos, a qual atende a pressões externas, ou com a criação indiscriminada e injustificada de áreas para "auto denominados" quilombolas, ou com o regime de cotas nas Universidades e, ainda, com o estímulo aos invasores de terras.
Procura substituir (ou complementar) a luta de classes, com a divisão da sociedade em raças, ou grupos ditos minoritários, sempre confrontando os direitos dos demais. A igualdade de direitos constante da Constituição sofre a mesma relativização que vem sendo aplicada em relação ao direito de propriedade, podendo-se lembrar de Orwell, em seu A Revolução dos Bichos, onde "todos são iguais, mas alguns são mais iguais".
Com essa decisão do Supremo sobre a Reserva, quando apenas os "direitos" dos índios foram levados em consideração, preocupa saber se o Judiciário continuará a ser o guardião do direito de propriedade e dos direitos individuais, ou se isso vai depender de outros fatores, como "a voz das ruas", ou as pressões externas ou governamentais. Existem ainda diversas áreas a serem demarcadas, no geral em regiões mais povoadas, o que poderá gerar novos conflitos entre os "direitos" dos índios e dos demais.
O fato de que existam inúmeras propriedades invadidas no Pará e em outras regiões do país, algumas há muito tempo, mesmo depois de terem obtido a reintegração de posse + na Justiça, sem que haja qualquer reação do Judiciário para fazer cumprir as determinações, contrasta com seu empenho na desocupação da área da Reserva.
Também a ação da Polícia Federal, deslocando um grande contingente de policiais fortemente armados, como se fosse uma operação de guerra, não se repete para impedir as violências contra propriedades particulares, cujos direitos são assegurados pela Constituição, mas não são garantidos pelo Estado. Se as decisões da Justiça não são cumpridas, elas não representam uma garantia efetiva dos direitos dos cidadãos.
O tempo dirá o que vai acontecer na vasta região da Reserva, e com os índios que agora são seus "donos", e se a decisão do STF, ignorando os direitos de muitos brasileiros que viviam nessa área, não trará ainda mais conseqüências negativas para o país. Será que Adolfo Esbel será o último brasileiro exilado?
O autor é economista da Associação Comercial de São Paulo.
Diário do Comércio, 08/06/2011.
10 de Junho 2011
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