Depois de fumar uns cigarros de maconha os dois vagabundos se encheram de coragem e foram dar um passei pela Cidade Universitária. Precisavam arranjar um jeito de levantar uma grana. Ganhar algum dinheiro rápido. Lá na Cidade Universitária é grande, escuro, tem muitas árvores, muitos carros de gente bacana, é um entra e sai de milhares de pessoas por dia, o tempo todo.
Lá é muito bom para assaltar e roubar. Foi por causa disso que no dia 18 de maio o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, morreu com um tiro na cabeça, em um dos estacionamentos da universidade, na FEA. Ele reagiu ao assalto e lutou contra dois bandidos drogados e eles o mataram, ao lado de seu carro que queriam levar, um Volkswagen Santana usado e blindado que ele havia comprado para proteger-se de assaltos e bandidos armados.
De fato, segundo um dos envolvidos na morte de Felipe, que procurou a policia ontem para contar a sua parte da história, ele apenas estava lá na universidade para roubar, e disse que quem atirou e matou Felipe foi o seu comparsa. Mas o rapaz é cheio de brios e não quis contar quem é o seu comparsa, para a policia, “por uma questão de ética”.
IRLAN GRACIANO SANTIAGO SABE QUEM MATOU
FELIPE RAMOS DE PAIVA, MAS NÃO CONTOU O NOME À POLÍCIA
Claro, afinal, que delinqüente seria um sujeito que sai par aí para roubar, assaltar, talvez matar um sr humano e ainda alcagueta o seu comparsa, não é mesmo? Esse é um sujeito que, tendo agora 22, em 2002 tinha 12 ou 13 anos e ouviu muita propaganda eleitoral e acreditou mesmo que essa tal de Ética ainda funciona, como temos visto por decisões do Congresso do Governo federal e do Judiciário. Mas esse é outro assunto.
Como, segundo o delegado do caso, Irlan Graciano Santiago, 22 anos, apresentou-se espontaneamente, após o depoimento foi liberado, uma vez que é primário e tem endereço fixo. Claro. Não ficou detido ou preso, apesar da confissão feita ao lado de seu advogado. Para lembrar: Felipe Ramos de Paiva também tem endereço fixo, o cemitério, para onde foi mandado pela dupla durante o assalto.
Como a USP é um celeiro democrático, o pessoal da esquerda, que faz a revolução com o dinheiro público, é sempre contra a presença da policia para patrulhar a área gigantesca, uma vez que eles (os comunas imbecilizados) acreditam que isso é uma viol~encia remanescente do tempo da ditadura. Vocês lembram? A ditadura já havia acabado quando muitos desses imbecis nem haviam nascido.
São tontos que vivem olhando para o passado, mas pensando, olhando para o futuro, em implantar outra ditadura. Como entre uma coisa e outra não tem o que fazer, fazem a revolução na Cidade Universitária, prejudicando dezenas de milhares de jovens e de professores e de funcionários que querem trabalhar, estudar e aprender.
O pessoal da Campanha da Maconha e outros movimentos do fumacê vai dizer que o crime aconteceu porque a droga não é liberada. Se fosse, os bandidos não precisariam assaltar para ter dinheiro para os traficantes. Sei. E para comprar jeans e tênis? O dinheiro viria de onde? O pessoal usa droga para criar coragem, fugir da realidade, sei lá, são umas bestas. E depois muitos saem por aí matando. Irlan disse que entrou no crime porque via seu filho passar fome. Claro, é mais fácil tomar dinheiro dos outros na marra, com uma arma que trabalhar duro. Trabalho cansa demais e faz suar.
A historinha é sempre no modelito preferido pelos adeptos da impunidade em relação ao crime e o famoso “pobrismo”. A família de Irlan é simples e pobre. Só a dele nesse imenso Brasil. Nunca teve emprego fixo (22 anos), tem um filho (só ele), não usa crack, segundo disse, só maconha (é seletivo) e mora na favela ao lado da USP. Mas tem muita gente, a maioria mesmo que mora lá e é pobre, e tem filhos, e não sai para matar.
Segundo matéria do JT, o pai do estudante morto, Ocimar Paiva ficou revoltado com a soltura do criminoso confesso arrependido, e espera que a policia encontre o outro e que a Justiça seja feita. O filho, Felipe, de qualquer, modo, não volta mais para casa.
É mais fácil cineastas uspianos fazerem um documentário sobre a difícil vida de Irlan que a breve vida de Felipe. O pobrismo dá sempre um bom Ibope. Ganha-se muito dinheiro explorando a pobreza no Brasil.
Concordo plenamente, cada dia fico mais indignado e sinto que não tenho o que fazer para mudar esse país tão podre e imundo em que vivo, onde bandido tem benefícios e o cidadão decente paga com a vida...
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