Ainda escreverei sobre os tais “rolezinhos”; na verdade, são
apenas uma reedição dos conhecidos “flash mobs” que jovens entediados fazem nos
shoppings americanos e em outros lugares, há alguns anos.
Mas reproduzo a seguir o texto de Nivaldo Cordeiro, porque
ele captou muito bem o que caracteriza os “rolezinhos” que, no início, mesmo
por aqui, eram apenas uma molecagem sem graves conseqüências, até que virou símbolo
de luta de classes. Só mesmo nesta República das Bananas!
FLASH MOB EM PARIS |
Os shopping centers e os rolezinhos
Nivaldo Cordeiro
17 Janeiro 2014
Quando políticos como Dilma Rousseff insinuam que há
discriminação de classe e até racial pelos que se opuseram aos
“rolezinhos" estão mentindo.
Os “rolês", com apoio oficial, são apenas a última
ferramenta utilizada para afrontar a ordem. Eles são uma variação urbana do que
o MST tem feito no meio rural. O governo de Dilma Rousseff tem sido a corte dos
aloprados.
Não é de hoje que acusam os shopping centers de promoverem
"apartheid social", quando, na realidade, ocorre exatamente o
contrário. Lembro de quando eu era membro da CNLU, órgão que então autorizava a
ampliação do “solo criado” em
São Paulo, e ali ocorriam debates acalorados entre os
arquitetos e urbanistas “progressistas”, que odeiam esse tipo de
empreendimento, contra os arquitetos empreendedores. Os primeiros foram
derrotados pelo irresistível benefício trazido pelos shopping centers.
A tese de que shopping center restringe o acesso aos pobres
não resiste à mínima observação direta. Todos, ordeiramente, têm a ele acesso.
A proliferação dos últimos anos levou os shopping centers para a periferia das
grandes cidades e para as cidades do interior, com o mesmo mix de lojas e o
mesmo padrão de serviços. Não há discriminação alguma, o que vale são as leis
de mercado. É a democracia do livre mercado.
Os shopping centers democratizaram o acesso a bens e
serviços que outrora eram privilégio da elite. Cada empreendimento carrega uma
livraria e uma praça de alimentação e cria inúmeras oportunidades para pequenos
empreendedores. E um teatro. Nunca o equipamento público foi tão bem ofertado,
de forma privada, pelos shopping centers.
Alguns empreendimentos estão identificados com a sua
freguesia de vizinhança, como é o caso do Shopping Center Campo Limpo. Andar
por seus corredores é ver que a população mais pobre é que compõe a sua
clientela. Por isso me espantou o “rolê” dos Sem-teto sobre ele. Aqui é
evidente que o prejudicado principal foi o próprio povo que reside naquela
periferia de São Paulo.
Quando políticos como Dilma Rousseff insinuam que há
discriminação de classe e até racial pelos que se opuseram aos
“rolezinhos" estão mentindo. É de se perguntar quem arregimenta esse
magote de desocupados para realizar o seu tropel destruidor. E quem ganha com
isso. A resposta é: o PT, que tem interesse em desestabilizar a Segurança
Pública e por isso faz guerra psicológica, com o fito único de desestabilizar o
governador paulista, do PSDB, candidato favorito à reeleição.
É claro que, ao estimular os “rolês", o PT deu mais uma
volta na porca do parafuso, no rumo da revolução. É tática de ação direta esse
tropel urbano ameaçador. O problema é que o caos permanente não pode ser
tolerado, sob pena de a vida prática ficar inviável. A decisão de patrocinar e
apoiar os “rolês" mostra que o PT partiu para a guerra total contra o PSDB
e que a situação só irá se agravar até a data das eleições.
Se a elite econômica até agora tem apoiado o projeto
populista/progressista do PT, com essa ação direta irá se assustar e rever o
seu apoio. A questão crucial para a burguesia é menos ganhar dinheiro e mais
ter uma ordem estável. A ordem deixou de existir.
Podemos dizer que assistimos à invasão vertical dos
bárbaros, para usar a deliciosa expressão que é título de um dos livros de
Mário Ferreira dos Santos. Do lado oposto, temos os shopping centers,
verdadeiros enclaves civilizados, que se aproximaram do povo mais pobre,
oferecendo-lhe bens e serviços antes inacessíveis.
O ponto é que o PT não está tão forte assim, a ponto de
perder credibilidade junto à burguesia. Lula cultivou a burguesia até onde
pode. Os ricos nunca ganharam tanto como ganharam sob Lula, mas a burguesia
esqueceu de que o projeto do PT sempre foi, e é, revolucionário.
Os
“rolês", com apoio oficial, são apenas a última ferramenta utilizada para
afrontar a ordem. Eles são uma variação urbana do que o MST tem feito no meio
rural. O governo de Dilma Rousseff tem sido a corte dos aloprados.
Resta saber como vai se comportar a população.
Entendo que
ela não tolera a desordem e o caos. Tem ânsia de ordem, requisito para a vida
normal e a normalidade da produção. Vamos aguardar os impactos eleitorais dessa
alucinação toda.
TEXTO REPRODUZIDO DO SITE MÍDIA SEM MÁSCARA:
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