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terça-feira, 22 de abril de 2014

O CRIME DE FREDERICO WESTPHALEN. BERNARDO UGLIONE BOLDRINI, O MENINO QUE NASCEU PARA SOFRER. Segundo a assistente social Edelvânia Wirganovicz, presa temporariamente, suspeita de haver ajudado a madrasta do menino, Graciele Ugulini, a matar o garoto de Três Passos, ela não sabe se ele foi colocado no buraco feito na terra ainda vivo, em Frederico Westphalen. Graciele e o pai do menino, Leandro Boldrini, também estão na cadeia.



BERNARDO NUNCA MAIS TOMARÁ CHIMARRÃO

Qual a última lembrança que o garoto Bernardo, 11 anos, levou da vida? O adormecimento suave e a promessa de sua madrasta de ganhar um televisor? Ou o escuro de um saco plástico embebido de soda cáustica, colocado dentro de um buraco abafado, sem ar, coberto com terra e pedras à margem de um rio? Bernardo sofreu antes da morte?

Isso deverá ser respondido pela Polícia Técnica. O caso corre sob segredo de Justiça, mas logo saberemos se o menino foi adormecido com analgésicos e morto em seguida com algum tipo de droga letal, injetada na veia do braço esquerdo, segundo Edelvânia, pela madrasta Graciele, 32 anos. “Apenas um piquezinho na veia”, como teria dito Edelvânia, 40, assistente social, à polícia.

A mãe de Bernardo, Odilaine Uglione Boldrini, morreu no consultório do marido, o médico Leandro Boldrini, no ano de 2010, com um tiro na boca. Morreu 72 horas antes de assinar a separação, segundo a imprensa, na qual receberia 1,5 milhão e mais uma pensão mensal de R$8.000,00. Para a Polícia o caso estaria encerrado, pois chegou-se à conclusão de que foi suicídio.

SUICÍDIO

Mas este caso exigirá, talvez, um outro exame relativo à morte de Odilaine, para que não restem dúvidas, uma vez que a morte de Bernardo, que herdaria tudo, muda a situação do patrimônio do médico Leandro. Além do mais, há precedentes interessantes no caso. A imprensa relatou que o menino, diante das humilhações que sofria em sua casa após a morte da mãe, chegou a ir ao Fórum pedir para ser adotado por alguma família. Segundo a imprensa, o menino era proibido de entrar em casa antes do pai chegar. Ele era visto por todos sentado na calçada aguardando!

A avó materna do menino havia pedido a guarda da criança, mas a Justiça negou sob o argumento de que era idosa (hoje tem 73 anos) e que se ela morresse isso poderia abalar o menino. Agora a avó é que está abalada e internada em Santa Maria, onde mora, por conta da morte do neto do qual queria cuidar.

RIO MICO

O garoto foi levado a Frederico Westphalen, 80 quilômetros ao norte de Três Passos, onde morava, sob a promessa de ganhar um aparelho de TV e de que deveria fazer uma consulta com uma benzedeira. Acabou enfiado num saco plástico e enterrado em posição fetal, sentado e coberto por soda cáustica, terra e pedras. 
   
ONDE ENTERRARAM BERNARDO (FOTO Eduardo Matos)
O local da cova foi achado após as informações prestadas por Edelvânia. Fica mais de 20 quilômetros da cidade, um difícil acesso por estrada de terra, em terreno bastante acidentado, ao lado do Rio Mico, em meio a um arvoredo. Edelvânia teve dificuldade em cavar o buraco que começou a ser preparado um dia antes, devido Às raízes e dureza do solo. Para isso ela usou uma pá, uma enxada e uma cavadeira manual.

O buraco fica a 500 metros de uma casa de madeira simples, típica daquela região, em meio a um piso de terra avermelhada; trata-se da casa da família da mãe de Edelvânia, onde ela morou por duas décadas. Até agora segundo informações, ninguém da família, bastante modesta, teve conhecimento do que estaria acontecendo.

APARTAMENTO

Edelvânia mora em Frederico Westphalen e, há alguns anos, ela e Graciele, que é enfermeira, moraram juntas. Mas perderam o contato. Segundo a imprensa, foi procurada há dois meses por Graciele para ser madrinha do nenê de um ano que ela tem com o marido Leandro.

Aproveitando a oportunidade, Graciele teria falado que estava com muitos problemas com o garoto e queria saber se ela (Edelvânia) gostaria de ajudá-la a se livrar dele. Mantiveram mais alguns contatos e, no dia 4 de abril, às 13h30, a Mitsubishi L200 Preta de cabine dupla de Graciele chegou Rua Tenente Portela, onde estacionou ao lado de um Fiat Siena, perto de um posto de gasolina, na esquina com a rua do Comércio.
EDELVÂNIA, ENTRE UM MATE E OUTRO...
O menino e Graciele passaram para o Fiat e saíram para algum lugar. Pelas 16 horas o carro volta e ambas descem, sem o garoto. O menino morreu no meio da tarde do dia 4 de abril. Tranquilamente Graciele foi a uma loja comprar um aparelho de TV, enquanto a assistente social Edelvânia, carinhosamente, levou uma sobrinha pequena para comprar sorvete, picolé.

EXTINTOR DE INCÊNDIO

Por investigações a polícia chegou a Edelvânia e achou em sua casa os instrumentos usados para cavar o buraco. No dia 14 ela contou onde estava o corpo. Ao anoitecer a polícia achou a cova e o corpo, bastante deteriorado. Em seguida os três foram presos.

Edelvânia contou à polícia que Graciele prometeu pagar R$20 mil pela ajuda. Como ela havia comprado um apartamento de R$96 mil aceitou. “Era muito dinheiro e não teria sangue nem faca; era só abrir um buraco e ajudar a colocar dentro o menino”, disse Edelvânia.

Coisa simples, limpa, sem sangue. Uma vida a mais, uma a menos, que diferença faria, não é mesmo? Afinal, o garoto atrapalhava a vida de todo mundo. E lá se foi o pobre Bernardo parar em uma cova rasa dentro de um saco de plástico.
A MITSUBISHI DE GRACIELE
Dias antes de achar o corpo, a polícia vistoriando a caminhonete de Graciele achou uma nota fiscal de compra de um extintor de incêndio, em Frederico Westphalen, no dia 4 de abril. Bingo! Também no dia 4 há o registro de uma multa por excesso de velocidade (117 km/h) na estrada de Três Passos para Frederico Westphalen, após o meio dia. O policial rodoviário lembra que havia um menino dormindo no banco de trás. Bernardo foi, mas não voltou. Apenas a TV comprada por Graciele.

O FIM DA HISTÓRIA

Graciele voltou para e casa disse ao marido, conforme a imprensa, que o menino havia ficado numa casa próxima, de um amiguinho, onde passaria a noite. O pai saiu para procurá-lo apenas dois dias depois. No dia 5 à noite foi com a mulher em uma festa onde divertiram-se muito, segundo testemunhas.

GRACIELE E LEANDRO
A mãe, Odileine, reencontrou-se com o filho Bernardo, no Céu. Edelvânia, a assistente social, talvez não tenha como pagar o apartamento comprado; Graciele destruiu o futuro de seu nenê e, se for culpada e sentir algum remorso, isso durará a vida toda. Leandro ficou sem o filho, que não queria mesmo morar com ele, e terá que provar que não sabia de nada.

Bernardo sofreu antes de morrer? Antes que saiam os exames periciais, ninguém saberá.

As únicas testemunhas foram as ferramentas (a pá, a enxada e a cavadeira), além das raízes das árvores. E o tranqüilo Rio Mico. Mas as ferramentas não falam, e as águas do rio, que passaram por ali, naquela tarde triste de 4 de abril já estão muito longe, e não voltam nunca mais.

O Rio Mico já não é o mesmo, desde então, e Bernardo também. Assim como todos nós. Isso me lembra Heráclito. 

RIP, Bernardo. 

Gutenberg Jota

Informações coletadas na imprensa regional e nacional. Imagens Facebook

Um comentário:

  1. Esperamos justiça! Muita justiça. Neste caso e em outros, como também o do menino Joaquim, morto pelo padrasto Longo e sua "querida" mãe, a malvada e assassina NATÁLIA, que deveria estar presa e não solta, vendendo salgados com sua mãe, numa boa. O nosso Brasil deveria ter, no lugar do verde, representando as matas, a cor vermelha, simbolizando a cor do sangue, derramado aos montes, todos os dias, uma guerra injusta e covarde, onde só os inocentes pagam.Teríamos que ter pena de morte para casos iguais a esse. Justiça, pelo amor de Deus!

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