Quanto mais o tempo passa, mais fica complicada a situação do Ministro Chefe da Casa Civil, Antônio Palocci. O homem havia escapado do processo por quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo. Elegeu-se deputado federal, voltou ao governo como ministro poderoso e, eis, metido novamente em confusão. O homem ficou milionário da noite para o dia e todo mundo tem que achar normal e que ele não deve explicações ao povo.
Se o leitor prestar bem atenção, perceberá que há uma parte da imprensa bem apressada, que ao invés de agir jornalísticamente, age como assessoria do ministro, do PT ou do governo. Claro, para estes, a imprensa que faz perguntas, e hoje ela é bem diminuta, é ligada à oposição. A política no Brasil ficou tão pobre (a política ficou, os políticos ficam cada vez mais ricos) que fazer perguntas jornalisticamente certas é ser carimbado de oposição. A oposição, por sua vez, já não sabe mais o que é fazer oposição e deixa as perguntas para um ou outro jornalista fazer. Daí a confusão.
É a coisa mais hilariante ouvir deputados e senadores do PT dizerem, com a maior cara de pau, que a entrevista de Palocci à Globo esclareceu tudo. "Sim, agora está tudo está perfeitamete esclarecido", "o Brasil voltou ao normal", "agora ele pode voltar às atividades normais", etc, etc. O homem não disse nada e, no entanto, colegas disse que está tudo esclarecido, os órgãos de fiscalização e investigação dizem que não há o que fiscalizar e investigar, antes de fazerem a devida fiscalização e investigação.
Agem como juízes, não como fiscais e investigadores. Investigar uma autoridade não ofende. Ofende finger que toda autoridade é intocável e que estaria, por isso, isenta de cometer bobagens ou praticar crimes.
Gosto tanto de lembrar de uns anos atrás: "Ética", ´"Etica", "Ética". E tem uns que ainda repetem a palavra com a boca cheia. Não têm a menor vergonha ou pudor. São cínicos.
Onde já se viu um ex-presidente da República ter que voltar ao palácio, acompanhado de seu ex-ministro da Comunicação para resolver um problema da atual presidente? A presidente mostrou-se fraca, o seu ministro da Comunicação atual mostrou-se incompetente, e o governo está sem rumo. Tanto que, após vários dias e ameaças de falar Palocci foi à Globo, fez exigências, agiu como se desse uma declaração na Voz do Brasil, ou em matéria paga, e não disse nada.
Disse que seus negócios particulares são particulares. Disso sabemos todos. Mas um ministro que meses atrás não tinha nada passou a ter R$20 milhões. Um prêmio de loteria! E não em nada a dizer? O homem é médico, ex-ministro, foi deputado federal, voltou a ser ministro e descobre-se que é consultor de empresas! E nessas consultorias revelou-se um gênio dos negócios. Ao menos para ele. Seus clientes parecem bem satisfeitos, pois outras empresas de consultoria, estabelecidas há anos e com muitos especialistas, não conseguem ter tal faturamento.
COMPREENDEU DIREITINHO? |
Palocci não falou nada. Os que o apoiam quando abrem a boca não dizem nada. Não há o que dizer. Ou ele sai do governo ou o governo vai morro abaixo. Dilma é fraca. Não decide nada sem perguntar a Lula. Lula viajou a Cuba e à Venezuela e deverá encontrar-se com a presidente para tratar de Palocci. De Cuba Zé Dirceu, que estava com Lula, disse estava tudo certo com Palocci. Dirceu também revelou-se grande consultor. Esses caras são gênios. Não consigo entender a sua bronca do capitalismo. Eles são a verdadeira essência do capitalismo: aquele cara que sai do nada e chega a ser rico, muito rico. Self-made man.
Só acho que esses socialistas são muito egoístas. Isso é errado para um bom socialista. Eles deveriam repartir conosco a sua fórmula. Como ficar rico em tão pouco tempo, em um país capitalista, mesmo sendo um bom socialista. Deveriam ensinar isso em Cuba.
Mas, voltando a Palocci, o homem ainda deve explicações, sim, tem função pública e não pode ficar a dúvida sobre se usou suas informações e seu cargo para abrir portas e facilitar negócios de empresários com o governo. Numa democracia decente ele já teria falado e saído do governo. Ou saído do governo.
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