A Associação Beneficente dos Militares Inativos e Graduados da Aeronáutica (Abmigaer) laçou abaixo- assinado em que se pede a censura da novela do SBT "Amor e Revolução". A novela trata da repressão aos terroristas nos tempos da ditadura, entre 1965 e 1985.
O autor da novela, Tiago Santiago diz que a tentativa de censura é inconstitucional, e interessa apenas a "torturadores e assassinos" do regime.
Tentar barrar a novela não é inconstitucional. As pessoas tem o direito de tentar. A censura é que é inconstitucional. E, mesmo assim, a Justiça tem concedido a pedidos,em alguns casos. Sou contra, mas acho bom lembrar. A Justiça está censurando, há mais de um ano o jornal O Estado de São Paulo por matéria envolvendo escândalos de um dos filhos do senador José Sarney.
O caso será apreciado pelo Superior Tribunal Federal. Mas a Constituição diz que há Liberdade de Expressão e de Imprensa no Brasil. Portanto, tentar barra a novela não é errado, ou impossível, mas o assunto acabaria nos tribunais. Eu não tentaria isso. Acho que há outras formas de fazer a verdade aparecer.O SBT não vai se manifestar.
Acho,mesmo, que tentar tirar a novela do ar, o que seria censura, é improdutivo.
Apenas cria mais matérias jornalísticas contra a iniciativa, fazendo mais propaganda ainda da novela e das visões distorcidas que possam existir no roteiro.
Apenas cria mais matérias jornalísticas contra a iniciativa, fazendo mais propaganda ainda da novela e das visões distorcidas que possam existir no roteiro.
Certa ou errada a narrativa, sempre é uma peça de ficção.
Dois textos sobre a novela
Nos dias 14 e 16 de março, há um mês, escrevi dois textos sobre o projeto do SBT relativo a "Amor e Revolução". Agora que a novela está no ar, não a vi e nem sei se terei tempo para isso, acho que meus argumentos estavam corretos.
Novela é novela, é obra de ficção. Muita gente interpreta como realidade, ou devido à sincronia das novelas com o calendário, ou por tratar de temas da História que estão mais ou menos de acoro com o senso comum. Postei um texto curto e mais três vídeos da entrevista do jornalista Augusto Nunes com o cineasta Julio Ribeiro, sobre a vida de Orlando Lovecchio, em que o cineasta diz que no Brasil cinema e novelas tendem a uma redução muito simplista. Bom, bom. Mau, mau.
No nosso imaginário, como foi vendido assim, os terroristas são sempre bonzinhos, porque foram "vítimas" dos maus, os militares. É um esquema meio idiota mesmo, pois a ditadura foi cruel, por ditadura, mas a luta armada não começou em 1968, ano do AI5. Os terroristas queriam é derrubar o governo para implantar uma ditadura comunista. Será que o enredo da novela abordará tudo isso com tranquilidade?
Quero crer que não, pois é mais fácil não contrariar o senso comum que já foi tão deformado. Seria um grande serviço um documentário que pudesse esmiuçar a mente, a psicologia dos terroristas. é preciso ter muita coragem, ou nenhuma, para explodir bombas em locais públicos, ferindo seus compatriotas, em nome de um futuro maravilhoso. Sera que "Amor e Revolução" tratará disso?
Creio que não. Pelo que li há um mês há tomadas em Cuba, na África. Tudo indica uma romantização da vida do psicopata Che Guevara. Um roteiro que já conhecemos.
É certo fazer o que os militares da reserva querem? Tirar a novela do ar?
Eu não concordo muito.
Sou contra a censura, mas entendo que fiquem irritados casa aja uma narrativa parcial e simpática a assassinos frios como os terroristas. Do ponto de vista histórico, dará mais trabalho, no futuro, a algum historiador ou jornaista honesto para produzir algo que esclareça as novas gerações, e não que minta para elas.
O autor do roteiro disse que a ideia é antiga e outras coisas.
Mas que a ideia é oportuna, agora com a discussão da Comissão da Verdade, isso é.
Acho que o SBT fazer uma novela que contribua com uma mistificação sobre os terroristas é meio estranho.
Bem, nunca saberemos como os caminhos dos fatos se entrecruzam.
Talvez haja um banco falido no meio do trajeto.
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