Algumas semanas de noticiário sobre uma das pessoas mais sortudas do Brasil, o ministro Antônio Palocci, e o noticiário parece ser velho, muito velho. A cada dia uma nova revelação, uma forte surpresa, se não de um crime, mas de uma estranheza que deve ser, ao menos checada, visto tratar-se o ilustre, de um ministro da República. Mas que! Até por ser um ministro o homem já está isentado de plano pela Procuradoria Geral da República. É, procuradoria. Mas ele procurou checar ao menos? Não. Arquive-se. Ponto final.
O porquinho Palocci está no braseiro |
Aqui se chamarem alguém de doutor, acabaram-se as investigações. Elas deveriam ser feitas, ao menos por cautela, para evitar que surjam surpresas ainda mais graves adiante.
Lendo as notícias, a correria para o desmentido de coisas que não se transformaram em acusações, uma imensa operação abafa. Mas abafar o que, se não há crime? Onde já se viu, até o ex-presidente da república se mete no caso, como se fosse ele o presidente e Dilma uma gerentona de segunda categoria. Como ela aceita isso? É uma vergonha e um desrespeito. E, da parte de Lula, absoluta falta de pudor. Vá gozar suas palestras, senhor ex-presidente. Assuma uma pasta no ministério de Chávez! Aceite a Fifa! Desencarne do poder!
Pois é, lendo as notícias, a cada dia mais estranhas, fico imaginando se este episódio tivesse acontecido com um ministro importante de FHC, por exemplo. Ainda mais, naqueles tempos, com os petistas de posse do “copyright” da Ética. Milhões nas ruas, sindicatos, movimentos sociais, bispos, advogados, jornalistas, todo mundo junto unido jamais será vencido!
Sim, você não sabem que os petistas importaram toda a Ética do Mundo e pagaram caro pelo direito exclusivo de uso? Fizeram um contrato com a História e adquiriram o direito de somente eles usarem a santa palavra. Durante um tempo tivemos uma saturação de ética, uma congestão de ética, uma banalização de ética. Claro, tudo que explica tudo, não explica nada. É como a palavra cidadania, que agora ocupou o lugar da tal da ética. Até mosquitos da dengue geram uma doença cidadã, etc.
E diante de novas informações, a cada vez mais estranhas, contrapõem-se explicações mais exdrúxulas mas, para o governo, mais convincentes.
O Brasil realmente transformou-se em um pais de faz-de-conta, de mentirinhas. Às vezes acho o professor Olavo de Carvalho amargo demais em seus textos sobre o Brasil, mas de fato, ele é que está certo.
O nosso nível de exigência foi caindo, caindo, sempre buscando a media, mas como a cada ano a media é mais baixa. Mais afundamos. Não há mais nada que se compare ao que se chamava educação, civilidade, respeito à coisa pública, vergonha na cara, respeito à verdade, o interesse em, ao menos, procurar a verdade. A imprensa é uma vergonha.
Limita-se ou a fazer o mais vagabundo proselitismo, ou a reduzir o Jornalismo a uma guerrinha de versões. Nada mais diferente de Jornalismo que guerrinha de versões. Se o repórter capta duas versões mentirosas uma de cá, outra de lá, e as publica, o público faz o que para saber qual a verdade? Plebiscito? E se as duas versões são mentirosas? Para isso é que existem os repórteres, para cruzar informações, checar fontes, contrapor dados e tentar obter uma verdade.
Quando isso é feito no Brasil atual, os governistas dizem que isso transformou a imprensa em oposição. Rematada estupidez. Imprensa boa, que funciona, incomoda. O resto é propaganda de idéias.
Não sei como acabará a história levantada pela Folha de São Paulo sobre o enriquecimento relâmpago de Antonio Palocci e da confusão de apartamentos de empresas laranjas de gente ligada ao PT. Isso cheira mal. Cheira Muito mal, mas o procurador geral da República deve estar resfriado e não sente o cheiro de nada.
Com isso colabora para que as instituições se avacalhem. Ninguém quer a condenação de Palocci, só saber se um cidadão, de forma honesta e correta pode, em tão pouco tempo ficar milionário sem ter feito uso de informações privilegiadas, de portas que o cidadão comum não consegue abrir, de privilégios inacessíveis ao mortal comum.
Se ele está em dia com o fisco, as licenças municipais, a receita federal, os tributos, as leis, a ética, a moral, a consciência, qual a razão de tamanha gritaria.
Essas pessoas que vivem da política vivem tão longe do povo, do qual tanto falam, ao qual se dirigem nas eleições à cata de votos, que perderam a noção de que fazem parte do mundo comum. Brasília, alem de tudo, ainda cria a ilusão de que os que ali circulam nas altas esferas estão imunes do ar que os simples mortais respiramos.
O tempo dirá se é isso mesmo. Por enquanto, é no que eles acreditam. Mas eu não.
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